Acionistas da TotalEnergies confirmam estratégia climática em assembleia sob pressão
Os acionistas da TotalEnergies confirmaram nesta sexta-feira (26) com ampla maioria a estratégia climática da multinacional francesa, em uma assembleia geral celebrada sob pressão de manifestantes ambientalistas e do próprio governo francês para abandonar rapidamente as energias fósseis.
A polícia impediu com gás lacrimogêneo que manifestantes bloqueassem a reunião, em um elegante bairro de Paris, mas a questão ambiental se impôs como tema central desse encontro anual.
Após três horas de debates, os acionistas, presentes e online, adotaram com maioria de 88,76% a estratégia climática do gigante energético.
A assembleia recusou outra moção, consultiva, da organização de acionistas ativistas Follow This, para que a empresa alinhe suas atividades com as metas do Acordo de Paris de 2015 que buscam evitar que o aquecimento global ultrapasse um aumento de 1,5°C em relação à era pré-industrial. Essa moção obteve cerca de 30,4% dos votos.
A assembleia foi realizada ao final de uma temporada de reuniões tumultuadas que reacenderam os protestos contra grandes empresas como as petroleiras Shell e BP e o banco Barclays, acusado de financiar a expansão de projetos de petróleo e gás.
- "Derrubar a Total" -
Os manifestantes conseguiram entrar na rua do local da reunião, mas foram dispersados pelas forças de segurança, que prenderam seis pessoas.
"Enquanto os investidores permitirem às companhias petroleiras provocarem um colapso climático (...) as grandes petroleiras insistirão em seu modelo de negócio de combustíveis fósseis o maior tempo possível", denunciou Tarek Bouhouch, de Follow This.
A TotalEnergies prevê destinar um terço de seus investimentos a fontes energéticas de baixo carbono e atingir 100 gigawatts de capacidade de eletricidade renovável até 2030
Mas a ministra de Transição Energética francesa, Agnès Pannier-Runacher, instou nesta sexta-feira a empresa a acelerar o processo. "A Total investe em energias renováveis, mas o desafio é ir mais depressa, com mais força e principalmente mais rápido", declarou à rádio FranceInfo.
As reuniões acontecem em um cenário de lucros impressionantes: juntas, BP, Shell, ExxonMobil, Chevron e TotalEnergies registraram lucros de mais de US$ 40 bilhões (cerca de R$ 208 bilhões na cotação atual) no primeiro trimestre, após um ano muito bom em 2022.
FONTE: Estado de Minas