Agressões a defensores de direitos humanos causam preocupação na Guatemala
As agressões e a criminalização de operadores do direito, defensores dos direitos humanos e jornalistas na Guatemala registraram um aumento no ano passado, causando uma "grave crise democrática" no país, denunciou uma ONG nesta quinta-feira (23).
Desde 2017, "começamos a notar um aumento de agressões que até o ano de 2022 chegou à lamentável cifra de 3.574 agressões", disse em uma coletiva de imprensa Jorge Santos, coordenador da Unidade de Proteção a Defensores e Defensoras dos Direitos Humanos da Guatemala (Udefegua).
Segundo dados da Udefegua, no ano passado foram registradas 1.002 denúncias.
Santos considerou que essa política de repressão é uma "vingança" contra os que promoveram a luta contra a impunidade e corrupção, em especial operadores do direito, que desde 2015 desbarataram redes ilegais dentro do Estado.
O ativista afirmou que os idealizadores dessa estratégia são grupos econômicos "organizados de extrema direita" onde militam "atores comprometidos com a corrupção, as graves violações dos direitos humanos e com a impunidade".
"Chegaram a capturar totalmente o Estado guatemalteco. Hoje, não há instituição pequena ou grande que não esteja sendo submetida a essa captura", lamentou.
Antes, ele pediu ao Estado, em particular ao Ministério Público (MP), "o fim definitivo da perseguição penal espúria".
"Essa política criminosa que visa agredir, limitar e colocar obstáculos na defesa dos direitos humanos tem que parar", insistiu.
Ele recordou que em 2014 a Corte Interamericana de Direitos Humanos pediu ao Estado guatemalteco para implementar uma política pública de proteção a defensores dos direitos humanos.
Em junho de 2021, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) incluiu a Guatemala na lista de países que praticam graves violações aos direitos humanos. Também estão na lista Cuba, Venezuela e Nicarágua.
Também pediu para a comunidade internacional fortalecer e ampliar as sanções contra atores que buscam a impunidade e a corrupção no país.
Desde 2021, aproximadamente 25 ex-promotores e ex-juízes responsáveis por importantes casos de corrupção saíram do país ou foram denunciados na promotoria.
O MP está sob o comando da promotora-geral Consuelo Porras, sancionada pelos Estados Unidos em 2021 por enfraquecer a democracia.
FONTE: Estado de Minas