Alemanha endurece o tom contra desobediência civil dos ativistas do clima
A polícia da Alemanha executou nesta quarta-feira (24) uma série de operações contra membros do movimento ecologista "Última Geração" ("Letzte Generation"), que já organizou ações polêmicas de desobediência civil, criticadas esta semana pelo chefe de Governo, Olaf Scholz.
Policiais realizaram operações de busca em 15 localidades do país devido a "suspeitas de infrações cometidas por membros do grupo Última Geração" no âmbito de uma investigação contra sete membros do movimento por "formação ou apoio a uma organização criminosa", anunciou o Ministério Público de Munique.
As pessoas investigadas têm entre 22 e 38 anos. Elas são acusadas de fazer "publicidade na internet" e de "organizar arrecadações de fundos que atingiram 1,4 milhão de euros" (1,51 milhão de dólares, 7,4 milhões de reais) para a execução de ações ilegais.
Dois membros são suspeitos de "tentativa de sabotar, em abril de 2022, o oleoduto Trieste-Ingolstadt", que passa pela Baviera (sul) e é considerado pelo governo alemão como uma "infraestrutura crítica".
As operações aconteceram em sete regiões do país, incluindo Berlim, Baviera e Hesse (centro), segundo o MP.
"Contas e ativos foram apreendidos", afirma um comunicado, que também destaca que o procedimento teve início após "várias denúncias apresentadas pela população desde meados de 2022".
"Quando acontecerão operações de busca nos grupos de lobby e quando será confiscado o dinheiro do governo procedente das energias fósseis?", reagiu o movimento.
"Última Geração" é o grupo ecologista mais ativo na Alemanha e chamou a atenção nos últimos meses por ações de desobediência civil que pretendiam forçar o governo a acelerar a luta contra a mudança climática.
O movimento organizou bloqueios de trânsito e atacou obras de arte em museus nos últimos meses, o que motivou a abertura de centenas de processos judiciais por perturbação da ordem pública.
Recentemente, o tribunal de Heilbronn (sudoeste) condenou três ativistas a penas de cinco, quatro e três meses de prisão, as maiores punições anunciadas até o momento contra atos de desobediência civil.
O governo alemão, que os ativistas acusam de não fazer o suficiente para frear a mudança climática, criticou esta modalidade de protesto.
O chanceler Olaf Scholz comentou esta semana que parece "totalmente idiota prender-se a um quadro ou a uma rodovia". Até o Partido Verde, que integra a coalizão de governo, criticou os métodos, por considerar que não contribuem para a adesão da população para exigir medidas contra o aquecimento global.
"Pelo contrário, irrita as pessoas, divide a sociedade", declarou o ministro da Economia e Clima, o ambientalista Robert Habeck.
Nos últimos meses, ações similares foram organizadas em outros países da Europa. Na terça-feira, dezenas de ativistas interromperam temporariamente o tráfego aéreo em Genebra (Suíça). Em Roma, capital da Itália, manifestantes jogaram carvão diluído na água da Fontana di Trevi no domingo para deixá-la com manchas pretas.
FONTE: Estado de Minas