Aluno que acusa professora de amarrar o black power dele à força é apaixonado pelo cabelo: ‘Ele só corta as pontas’, diz mãe
Garoto contou à mãe que docente teria dito na sala de aula que o cabelo dele era feio e o prendido contra a sua vontade no recreio. Aluno de 8 anos estuda em escola de Juiz de Fora; Secretaria de Educação disse que investiga incidente e repudia qualquer prática de racismo. Garoto, menino, black power, professora, juiz de fora, suspeita injúria racial
Rayelle Keller/Arquivo Pessoal O aluno de 8 anos que acusa uma professora de amarrar o black power dele à força em uma escola de Juiz de Fora é apaixonado pelo cabelo, contou a mãe em entrevista à TV Integração, nesta quarta-feira (22). Rayelle Keller diz que o filho usa o cabelo assim desde muito novo e que não gosta de cortar os fios para ficarem cada vez maiores. Corta de vez em quando só as pontinhas. Ele ama o cabelo dele. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Rayelle contou que o penteado é parte essencial da personalidade do filho e que essa identidade arranca muitos elogios de amigos e familiares. Às vezes, para variar, ele trança o cabelo com a própria mãe, que trabalha como trancista. Ela está indignada pelo comportamento da professora e afirma que a atitude ocorreu ao longo do ano: "Eu fui deixando, só que, agora, foi uma coisa mais grave. Fala se tiver cabelo no olho, que não vai assistir a aula dela, fala para prender o cabelo dele". O caso denunciado à direção do caso teria ocorrido na Escola Municipal Doutor Adhemar Rezende de Andrade, no Bairro São Pedro, em Juiz de Fora, e foi registrado pela Polícia Militar na última semana. A Polícia Civil já investiga o caso. Rayelle Keller contou ao g1 que o garoto estava dentro da sala de aula quando foi abordado pela professora. "Ele falou que a professora chamou o cabelo dele de feio na sala de aula. Na hora do recreio, falou com ele numa ignorância danada: 'Senta aí agora!'. Pegou uma buchinha dela, nem é dele, ele não tem buchinha, e prendeu com força. Ele falou que até doeu". De acordo com Rayelle, o filho disse que no mesmo momento respondeu à professora que não queria e correu para o banheiro onde tirou o acessório para arrumar novamente o penteado. "Ela falou com ele que não aguenta olhar pro cabelo dele. Ele odeia o cabelo preso. Nem eu, que sou mãe, forço ele a prender. Fica de cabelo solto até em casa o tempo todo". Após o fato, que ocorreu no dia 14 de novembro, a mãe do aluno contou que foi à escola dois dias depois e pediu uma reunião com os representantes da unidade de ensino. O encontro foi registrado pela direção do colégio em uma ata. "Só tinha a vice-diretora pra conversar, ela anotou tudo que a gente tava falando. A professora estava na sala, mas ia sair mais cedo. Foi informado pra gente [Rayelle e o pai da criança] que ela não poderia conversar naquele momento", contou a mãe. 📲 Receba no WhatsApp notícias da Zona da Mata e região A Secretaria de Educação de Juiz de Fora disse que apura o incidente e repudia veementemente qualquer prática de racismo e adota como política pedagógica um trabalho contínuo de conteúdo antirracista. Veja a nota na íntegra mais abaixo. Ofensas teriam se repetido O menino de 8 anos também foi à aula no mesmo dia, 16 de novembro, e frequentou a sala da professora denunciada pela mãe. Ao chegar em casa, contou que foi vítima novamente de ataques verbais da docente. "E aí ele respondeu para ela assim: 'Não, eu gosto assim. Eu prefiro assim, eu e minha mãe'. Aí ela falou: 'Mas isso não é motivo não, pode prender esse negócio'", diz a Rayelle. No dia seguinte, sexta-feira (17), os pais do menino voltariam à escola para uma reunião agendada, mas foram informados por telefone que o encontro com a professora não seria mais possível porque ela teve um imprevisto. O que diz a Prefeitura, responsável pela escola Escola Municipal Adhemar Rezende de Andrade em Juiz de Fora Reprodução/TV Integração Em nota enviada ao g1 na terça-feira (21), a Prefeitura de Juiz de Fora informou que:"A Secretaria de Educação tomou conhecimento do caso, ocorrido em escola municipal, no qual teria se registrado uma conduta racista. Imediatamente, foi iniciada a apuração do incidente. A Secretaria de Educação repudia veementemente qualquer prática de racismo e adota como política pedagógica um trabalho contínuo de conteúdo antirracista, intensificado e fortalecido pela constituição em 2023 do NUPRER ( Núcleo Permanente de Relações Étnico Raciais). Concluída a apuração da situação denunciada, serão tomadas as providências cabíveis".
A pasta foi questionada se a professora continua dando aula na mesma turma enquanto o caso é investigado, mas não houve resposta até a publicação deste texto. *Estagiário sob supervisão de Fabiano Rodrigues. LEIA TAMBÉM: JUSTIÇA: Mulher que encontrou larvas em biscoito integral será indenizada em R$ 10 mil em MG POLÍCIA: Assaltante invade sítio e, antes de sair, faz churrasco e bebe cerveja em MG VEJA VÍDEO: Ponte desaba e rio 'engole' carreta bitrem em MG Mãe denuncia professora que teria amarrado à força cabelo do filho dela em Juiz de Fora 📲 Siga o g1 Zona da Mata: Instagram, Facebook e Twitter 📲 Receba no WhatsApp as notícias do g1 Zona da Mata VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das VertentesFONTE: G1 Globo