Arsenal nuclear de vários países aumenta em meio a crescente tensão

12 jun 2023
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Os arsenais nucleares de vários países, em particular da China, aumentaram no ano passado e outras potências atômicas continuaram modernizando os seus, em meio ao aumento da tensão geopolítica, advertiram especialistas nesta segunda-feira (12).

Os nove países que possuem armas nucleares gastaram, coletivamente, 82,9 bilhões de dólares (404,5 bilhões de reais na cotação de hoje, a R$ 4,88) em seus arsenais no ano passado. Deste total, mais da metade correspondeu aos Estados Unidos, de acordo com um relatório da Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (ICAN, na sigla em inglês), agraciada com o Prêmio Nobel da Paz em 2017.

"Estamos nos aproximando, e talvez já tenhamos alcançado, o fim de um longo período de declínio das armas nucleares no mundo", afirmou o diretor do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês), Dan Smith, à AFP.

O total de ogivas nucleares entre as nove potências nucleares (Reino Unido, China, França, Índia, Israel, Coreia do Norte, Paquistão, Rússia e Estados Unidos) caiu para 12.512 no início de 2023, em comparação com 12.710 no início de 2022, de acordo com o SIPRI.

Dessas, 9.576 estavam em "arsenais militares para uso potencial", 86 a mais do que no ano anterior.

O SIPRI distingue entre os estoques disponíveis para uso dos países e o inventário total, que inclui equipamentos obsoletos que serão desmantelados.

"O arsenal são as ogivas nucleares utilizáveis, e esses números começam a subir", disse Smith, destacando que os números ainda estão longe das mais de 70.000 existentes nos anos 1980.

- China, potência mundial -

A maior parte do aumento é da China, cujo arsenal passou de 350 para 410 ogivas.

Pequim investiu consideravelmente em seu Exército, à medida que sua economia e sua influência cresceram, destacou o especialista.

"O que vemos é que a China está se tornando uma potência mundial", completou.

Índia, Paquistão e Coreia do Norte também aumentaram seus estoques, enquanto a Rússia fez isso em menor medida. As demais potências nucleares mantiveram o tamanho de seus arsenais.

Rússia e Estados Unidos possuem, conjuntamente, quase 90% de todas as armas nucleares.

"Tivemos mais de 30 anos de declínio no número de ogivas nucleares, e agora vemos que esse processo está chegando ao fim", disse Smith.

Os gastos mais elevados, comunicados pela ICAN, parecem confirmar essa conclusão.

A organização afirmou que a quantidade gasta em armas nucleares aumentou 3% em comparação com 2021, o que representa o terceiro aumento anual consecutivo.

Os 82,9 bilhões de dólares gastos correspondem a uma média de 157.664 dólares (769,4 mil reais na cotação de hoje, a R$ 4,88) por minuto em 2022, calcula a ICAN em seu relatório.

Os Estados Unidos investiram 43,7 bilhões de dólares (213,2 bilhões de reais na cotação de hoje, a R$ 4,88) nessas armas, um pouco menos do que no ano anterior, mas ainda muito à frente de todas as outras potências, acrescenta o informe.

Em seguida, vêm China (11,7 bilhões de dólares, ou 57 bilhões de reais na cotação atual a R$ 4,88, cerca de 6% a mais do que em 2021) e Rússia (9,6 bilhões de dólares, ou 46,8 bilhões de reais na mesma cotação, também em torno de 6% a mais).

Com 2,7 bilhões de dólares (em torno de 13,1 bilhões de reais na mesma cotação), a Índia registrou o maior aumento do gasto em defesa (21,8%), enquanto o Reino Unido gastou 6,8 bilhões de dólares (33,1 bilhões de reais, na mesma cotação), um alta de 11%.

- 278 bilhões de dólares -

As empresas envolvidas na produção de armas nucleares conseguiram novos contratos por pouco menos de 16 bilhões de dólares (cerca de 78 bilhões de reais na mesma cotação) em 2022.

Em escala mundial, as potências nucleares assinaram contratos de pelo menos 278,6 bilhões de dólares (1,35 trilhão de reais na mesma cotação), com empresas para a produção desse tipo de arma.

Pesquisadores do SIPRI disseram, ainda, que os esforços diplomáticos de controle de armas e desarmamento sofreram retrocessos após a invasão russa à Ucrânia em fevereiro de 2022.

Por exemplo, os Estados Unidos suspenderam seu "diálogo bilateral de estabilidade estratégica" com a Rússia após a invasão.

Em fevereiro, Moscou anunciou a suspensão de sua participação no novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Novo START), um tratado da Guerra Fria que limita o número de ogivas e permite a verificação por ambos os lados.

Em um comunicado, o SIPRI afirmou que esse era "o último tratado restante de controle de armas nucleares que limita as forças nucleares estratégicas da Rússia e dos Estados Unidos".

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FONTE: Estado de Minas


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