Ataque com drones surpreende e preocupa moscovitas
Após o ataque com drones que atingiu Moscou nesta terça-feira (30), vários habitantes da capital russa manifestaram sua surpresa ante a irrupção do conflito da Ucrânia em suas vidas, o qual acreditavam estar bem distante.
Maxim, de 40 anos, vive próximo a um imponente edifício residencial do sudeste de Moscou. O último andar foi atingido por um dos drones, que deixou uma grande mancha negra e destruiu vários vidros.
"Estávamos todos dormindo, eram 4 da manhã. De repente, houve duas explosões e os alarmes de todos os carros começaram a apitar", conta à AFP esse homem que mora perto da rua Atlassova, onde o drone caiu.
"Por que a defesa antiaérea não funcionou? Por que as sirenes não tocaram? Como (os drones) chegaram até aqui? E de onde saíram?", pergunta-se.
Maxim, aduaneiro de profissão, sugere a possibilidade de os drones terem sido lançados de dentro da Rússia após serem colocados em caminhões. Ele também questiona o motivo pelo qual as fronteiras com países "pouco amistosos" seguem abertas.
Anna, que também vive próximo ao edifício atingido pelo drone nesse bairro, tem a mesma preocupação.
"As notícias não são nada tranquilizadoras", mas pelo menos não houve "vítimas graves", afirma essa mulher de 30 anos. "Espero que não tenha pânico, não queremos isso", acrescenta.
Segundo o prefeito de Moscou, duas pessoas ficaram levemente feridas, e os danos materiais foram "menores". O presidente Vladimir Putin acusou a Ucrânia de querer "aterrorizar" os russos.
Desde março, a Rússia vem sendo atingida por uma série de sabotagens, ataques com drones e incursões armadas em regiões fronteiriças com a Ucrânia.
- "Pensava que tudo isso estava longe" -
Um drone também caiu sobre um edifício no número 98 da rua Profsoiuznaia, em um bairro próximo ao centro de Moscou.
"Abrimos os olhos de repente (após a explosão), e achamos que tivesse sido um acidente de carro. Mas não, era um drone que havia atingido nossa casa", conta Ekaterina Kloian, uma cabeleireira de 19 anos.
Assim como ela, vários moradores do prédio foram retirados e abrigados no auditório de uma escola nas redondezas.
Em uma rua junto ao edifício, curiosos param para tirar fotos dos pequenos danos causados pelo drone, enquanto outros passeiam com seus filhos e seus cachorros.
Alguns buscam os culpados pelo acontecido.
"Temos tantos recém-chegados da Ucrânia que são capazes de lançar um drone contra um edifício (....) Talvez estivessem perto daqui", especula Galina Gartseva, uma aposentada de 72 anos, que foi enviada para um abrigo após o incidente.
"Não tinha uma imagem ruim da Ucrânia até o dia de hoje. E não esperava que algo assim poderia ocorrer em Moscou. Mas assim é a vida", acrescenta Galina, que diz estar "a favor da Rússia e a favor de Putin".
Natalia Mijeeva, de 76 anos, disse que teve "medo", porque vive nos últimos andares de um edifício na vizinhança.
"É uma péssima surpresa", afirma Tatina Kalinina, outra aposentada do bairro. "Pensava que tudo isso estava longe, que não nos afetava, e de repente aconteceu isso ao lado de nossa casa", completa, em um desabafo.
FONTE: Estado de Minas