Biden chega ao Canadá para visita com migração, defesa e comércio na agenda

23 mar 2023
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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou ao Canadá, nesta quinta-feira (23), para uma visita que promete ser cordial, mas que inclui alguns temas delicados, como a gestão da migração irregular, o comércio, a cooperação militar e o Haiti.

O primeiro compromisso da agenda é uma recepção privada para o chefe de Estado americano e sua esposa Jill Biden na residência do primeiro-ministro canadense Justin Trudeau em Ottawa. Na sexta, os dois líderes terão uma reunião de trabalho, antes de Biden discursar para o Parlamento canadense.

Depois, o presidente americano dará uma entrevista coletiva conjunta com Trudeau, antes de um jantar de gala.

Esta é a primeira visita deste tipo desde a de Barack Obama em 2009.

É costume o presidente dos Estados Unidos reservar sua primeira viagem depois da posse para ir ao Canadá. Contudo, com a pandemia, Biden limitou-se a fazer uma "visita virtual" ao vizinho do norte em fevereiro de 2021.

Esta viagem marca a fluidez dos laços entre Washington e Ottawa depois da presidência de Donald Trump, que teve uma relação notoriamente difícil com Trudeau. Agora, o tom será bastante diferente, mas isso não elimina todos os pontos de controvérsia.

- Migrantes latino-americanos -

Enquanto Biden voava para o norte, reportagens na imprensa indicavam que um tema quente na relação bilateral tinha sido resolvido através de um acordo envolvendo migrantes latino-americanos.

Milhares de pessoas de Haiti, Venezuela e Colômbia chegam ao Canadá vindos dos Estados Unidos, após cruzarem a fronteira a pé, sem passar pelos pontos de entrada oficiais.

Esta imigração irregular, que passa particularmente por uma via de acesso improvisada denominada Roxham Road, é alvo de intenso debate político no Canadá, um país no qual este problema é relativamente novo, e provocou certa tensão com Washington.

Segundo a emissora Radio Canada e o jornal New York Times, americanos e canadenses chegaram a um acordo para fechar essa via de acesso, situada ao sul de Montreal.

As informações veiculadas na imprensa indicam que, em troca, Ottawa aceitou receber cerca de 15.000 solicitantes de asilo da América Latina através de canais legítimos, uma medida que aliviará a pressão na fronteira sul dos Estados Unidos.

"Os Estados Unidos estão decididos a trabalhar" com o Canadá para gerir os fluxos migratórios, disse, nesta quinta, a porta-voz de Biden, Karine Jean-Pierre. "Não estou confirmando nada neste momento, mas o presidente e o primeiro-ministro vão falar mais amanhã [sexta-feira]", acrescentou.

Os Estados Unidos também estão registrando números recorde de chegada de migrantes através da fronteira com México.

- Defesa e Haiti -

Outro tema espinhoso entre Biden e Trudeau será certamente o da defesa, em particular a contribuição canadense à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e ao Comando de Defesa Aeroespacial de América do Norte (Norad).

Estados Unidos e Canadá estão de acordo quando se trata de apoiar a Ucrânia após a invasão russa iniciada em fevereiro de 2022. Mas Ottawa está longe de dedicar 2% de seu Produto Interno Bruto (PIB) aos gastos militares, o limite estabelecido para os países-membros da Otan.

Espera-se que Biden e Trudeau também abordem a situação no Haiti, um país assolado pela extrema violência do crime organizado e uma crise humanitária aguda.

Mais cedo nesta quinta, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que Biden e Trudeau vão discutir o pedido dos líderes do Haiti para que uma força internacional estabilize o país mais pobre das Américas, onde as autoridades não conseguem subjugar os grupos armados.

Washington daria boas-vindas a um papel de liderança do Canadá no envio de uma força internacional ao país caribenho. Para a Casa Branca, "a situação no terreno não vai melhorar sem assistência militar internacional", disse Jean-Pierre, indicando que o tema ainda estava sendo analisado com o Canadá e outros países.

Por fim, o último assunto sensível da agenda de sexta-feira é o comércio.

O presidente americano, que defende abertamente o lema "Feito na América", adotou um plano faraônico de subvenções para a transição energética, a "Lei de Redução da Inflação".

Segundo fontes do governo canadense, Ottawa está satisfeita que os Estados Unidos tenham considerado o Canadá em um esquema de subsídios para carros elétricos, mas ressaltaram que isso "não deve parar por aí".

THE NEW YORK TIMES COMPANY


FONTE: Estado de Minas


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