Breve história do conflito da Irlanda do Norte

10 abr 2023
Fique por dentro de todas as notícias pelo nosso grupo do WhatsApp!

A Irlanda do Norte sofreu três décadas de confronto sangrento entre as comunidades e que acabaram com o Acordo de Sexta-Feira Santa, que completa 25 anos nesta segunda-feira, 10 de abril.

A população protestante, então majoritária, desta região britânica defendia a permanência no Reino Unido, enquanto a católica queria a reunificação com a vizinha República da Irlanda.

A seguir, um resumo do conflito, no qual morreram mais de 3.500 pessoas.

- O começo -

A violência eclodiu em 1968, quando a polícia reprimiu à força uma manifestação republicana pacífica em Londonderry, a única cidade da região com maioria católica.

A situação se agrava e há protestos e confrontos com a polícia e a comunidade protestante.

Londonderry e Belfast mergulham na violência e o exército britânico é enviado às ruas da Irlanda do Norte.

- IRA -

Em 1970, o grupo armado Exército Republicano Irlandês (IRA) inicia uma campanha de ataques contra os militares britânicos.

Do outro lado, grupos paramilitares protestantes respondem, polarizando completamente as duas comunidades.

As tensões aumentam após a violenta repressão de uma manifestação em 30 de janeiro de 1972 em Londonderry. O "Domingo Sangrento" ("Bloody Sunday"), nome com o qual entrou para a história, deixou 13 manifestantes mortos, vítimas de disparos de paraquedistas britânicos.

- Administração de Londres -

Em março de 1972, o Parlamento norte-irlandês é dissolvido e Londres retoma o controle direto da administração regional.

Em 1974, o IRA estende sua campanha de ataques com bomba à Inglaterra, colocando artefatos explosivos em pubs de Guildford, Woolwich e Birmingham, ações que matam 30 pessoas.

A organização também tem como alvo figuras públicas e, em 1979, mata Louis Mountbatten, primo da rainha Elizabeth II, ao explodir sua embarcação.

No mesmo dia, o IRA monta uma emboscada para o exército e mata 18 soldados britânicos.

- Greves de fome, bombas -

Um ponto de virada ocorreu em 1981, quando o prisioneiro do IRA, Bobby Sands, e nove detentos morreram em uma greve de fome em uma prisão de Belfast para solicitar o status de presos políticos.

As mortes provocaram um movimento mundial de simpatia pela causa republicana.

Em 1982, o braço político do IRA, o partido Sinn Fein, ganha seus primeiros assentos na assembleia da Irlanda do Norte. No ano seguinte, Gerry Adams assume a liderança do partido.

O IRA continua atacando e em 1984 ataca o centro do poder com uma bomba contra o Grand Hotel de Brighton, onde a primeira-ministra Margaret Thatcher e seu governo estavam hospedados durante um congresso do Partido Conservador. Cinco pessoas morreram.

Em 1992 e 1993, dois grandes ataques no distrito financeiro da cidade de Londres deixaram quatro mortos e causaram enormes danos.

- Iniciativas de paz -

O primeiro-ministro conservador Edward Heath tentou, em 1973, estabelecer um governo de coalizão entre católicos e protestantes.

Thatcher assinou um novo acordo britânico-irlandês em 1985, com uma grande concessão: ela admitiu que a República da Irlanda deveria ter voz nos assuntos da Irlanda do Norte.

Em meados da década de 1990, os esforços de paz encalharam novamente e o IRA encerrou seu cessar-fogo. Em 1996, colocou bombas em Londres e Manchester que mataram duas pessoas e causaram grandes danos.

- O acordo de Sexta-Feira Santa -

Em julho de 1997, depois que Tony Blair, do Partido Trabalhista, se tornou primeiro-ministro e o IRA declarou um novo cessar-fogo, o Sinn Fein foi convidado para a mesa de negociações.

Após longas negociações, o Acordo de Sexta-Feira Santa entre Londres, Dublin e os partidos políticos da Irlanda do Norte foi assinado em 10 de abril de 1998, com a bênção do IRA.

A Irlanda do Norte recuperou a autonomia, com um governo de coalizão entre protestantes e católicos.

Quatro meses após o acordo, um grupo dissidente do IRA, o IRA Autêntico, executou o pior massacre do conflito ao deixar uma bomba em um dia de mercado na cidade de Omagh, no norte da Irlanda, um ataque que matou 29 pessoas.

Mas o ataque acabou revigorando o processo de paz, ao invés de colocá-lo em risco.


FONTE: Estado de Minas


VEJA TAMBÉM
FIQUE CONECTADO