Cantor japonês-brasileiro acusa produtor musical de agressão sexual
O cantor japonês-brasileiro Kauan Okamoto afirmou nesta quarta-feira (12) que o falecido produtor Johnny Kitagawa abusou sexualmente dele em várias ocasiões quando o artista era adolescente.
Kitagawa morreu aos 87 anos em 2019. Ele foi o produtor de grupos japoneses de pop (J-Pop), formados por homens, como SMAP, TOKIO e Arashi, que têm fãs em toda Ásia.
Kauan Okamoto, 26 anos, afirmou em uma entrevista coletiva que Kitagawa o agrediu sexualmente "de 15 a 20" vezes durante os quatro anos que trabalhou para a agência Johnny and Associates, que dominou a indústria do entretenimento japonesa durante décadas. Okamoto tinha 15 anos quando os supostos ataques começaram.
O cantor é uma das primeiras pessoas a falar publicamente sobre os supostos abusos sexuais cometidos por Kitagawa contra jovens, uma polêmica que é discutida há vários anos e que voltou a ganhar destaque com um documentário recente da BBC.
"Espero que outras vítimas também apareçam, todas elas", disse Okamoto na entrevista coletiva, organizada pelo Clube de Correspondentes Estrangeiros do Japão. Ele afirmou acreditar que "de 100 a 200" jovens que trabalharam para a agência também foram agredidos por Kitagawa.
"Também quero que os diretores da agência, e o próprio Johnny se estivesse aqui hoje, saibam o que aconteceu e garantam que estas coisas não voltem a acontecer".
As acusações de abusos infantis e agressões sexuais pairaram sobre Kitagawa durante anos, mas a maioria dos denunciantes permaneceu no anonimato.
Kitagawa, no entanto, nunca foi acusado criminalmente.
De acordo com o músico, era habitual que os jovens talentos que trabalhavam para Kitagawa passassem a noite na cobertura do empresário, que tinha hidromassagem, bar e karaokê.
Okamoto afirmou que na primeira vez que Kitagawa abusou dele, o empresário se deitou em sua cama, começou a tocar seus órgãos genitais e o obrigou a fazer sexo oral.
No dia seguinte, Kitagawa entregou 10.000 ienes (75 dólares no câmbio atual, R$ 375), sem revelar um motivo, disse o artista.
A AFP procurou a agência Johnny and Associates, mas não recebeu qualquer comentário até o momento.
O Clube de Correspondentes Estrangeiros do Japão também afirmou que a empresa se recusou a responder suas perguntas.
FONTE: Estado de Minas