Cassiano, gênio do soul brasileiro que faria 80 anos, ainda tem obra a ser (re)descoberta

16 set 2023
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♪ ANÁLISE – É triste que ainda hoje, dia do 80º aniversário de nascimento de Genival Cassiano dos Santos (16 de setembro de 1943 – 7 de maio de 2021), o Cassiano, poucos saibam da importância deste cantor, compositor e músico paraibano para a construção do universo do soul brasileiro nos anos 1960 e 1970.

Da mesma forma, poucos sabem que Cassiano foi parceiro de Silvio Roachel na criação de duas excepcionais baladas de alma soul, Primavera e Eu amo você, que ajudaram a impulsionar em 1970 a carreira do então emergente Tim Maia (1942 – 1998).

Há dois anos, Cassiano morreu esquecido. Não fosse pelo sucesso de duas parcerias do compositor com Paulo Zdanowski, A lua e eu (1975) e Coleção (1976), canções propagadas na voz do próprio Cassiano nas trilha sonoras das novelas O grito (1975 / 1976) e Locomotivas (1977), respectivamente, talvez o Brasil nunca tivesse ouvido falar desse artista dono de obra requintada.

Revelado em 1964 como violonista do Bossa Trio, grupo carioca de samba-soul-jazz surgido no embalo da proliferação de conjuntos de samba-jazz derivados da bossa nova, Cassiano começou a marcar real presença na música brasileira como integrante de outro grupo carioca, Os Diagonais, uma das bases da black music nacional.

Mas foi ao longo dos anos 1970 que o artista marcou época, desbravando refinados caminhos harmônicos na gravação dos repertórios dos álbuns Imagem e som (1971), Apresentamos nosso Cassiano (1973) e Cuban soul – 14 kilates (1976), pedras fundamentais da discografia do artista e do próprio soul brasileiro.

Se alguém duvida, basta ouvir Já (1971) – inebriante faixa do primeiro álbum solo do artista – que qualquer dúvida sobre a genialidade do artista será dissipada de forma instantânea.

De temperamento forte, Cassiano logo se desafinou com a política mercantilista das gravadoras. Deixou álbum inédito gravado na CBS em 1978 e somente voltou a gravar em 1991, ano em que lançou aquele que se tornaria o quarto (e último) álbum solo do artista, Cedo ou tarde, disco que incluiu músicas inéditas entre regravações da obra de Cassiano, feitas com nomes como Djavan e Marisa Monte.

Havia tempo para reconduzir Cassiano às paradas, mas nada aconteceu de fato. Cassiano continuou cultuado por ouvintes antenados e concentrados em um nicho. Ou bolha, para usar termo atual.

Contudo, a obra está aí, pronta para ser (re)descoberta a qualquer momento por novas gerações que façam justiça a esse mestre que hoje se tornaria o mais octogenário da música brasileira.


FONTE: G1 Globo


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