Cerca de 50 mil italianos prestam homenagem às vítimas da máfia em Milão
Dois meses depois da detenção do chefe da máfia siciliana Matteo Messina Denaro na Sicília, cerca de 50.000 pessoas marcharam nesta terça (21) em Milão, no norte da Itália, para honrar a memória das vítimas da temida organização criminosa.
Entre a multidão reunida em frente à catedral de Milão em ocasião do dia nacional das vítimas da máfia, encontravam-se centenas de familiares.
Muitos deles, que ainda esperam justiça, carregavam fotos de seus parentes. "Passaram 28 anos e ainda estamos esperando a verdade", contou à AFP Paolo Marcone, de 50 anos, cujo pai foi assassinado em 1995 pela máfia em Foggia, na região de Apúlia.
Marcone, funcionário local, acabava de voltar para casa quando recebeu um disparo nas costas. Sua filha encontrou o corpo nas escadas da residência familiar.
O filho acredita que sabia de algo que não deveria saber e que por isso foi assassinado a sangue frio.
"Estes dias são necessários para manter vivo sua lembrança e, ao mesmo tempo, pedir justiça e verdade (...) Não vamos perder nunca a esperança", comentou.
Segundo a polícia, umas 50.000 pessoas andaram até em frente à catedral, onde um lençol branco com os nomes das 1.069 vítimas foi estendido.
Elisabetta Di Caterina, de 52 anos, participou da manifestação em memória de seu cunhado, Riccardo Angelo, assassinado aos 21 anos em uma emboscada da Camorra, a máfia napolitana, próximo a Caserta.
O assassino foi capturado e morreu na prisão, mas "exigimos justiça e verdade para todas as famílias que ainda esperam" conhecer o culpado.
Muitos ainda não sabem como seus entes queridos morreram e pedem que as investigações não sejam interrompidas. Vincenzo Luciano, de 55 anos, perdeu os seus dois irmãos, Aurelio e Luigi, nas mãos da máfia Foggia em 2017 após ficarem feridos em meio a um tiroteio.
"Foi necessário que duas pessoas inocentes morressem para que o Estado despertasse e reconhecesse que a máfia estava operando nessa região", comentou.
"Os políticos deveriam nos ajudar, deveriam aprovar leis mais duras. Deveriam estar mais perto de nós, por que a máfia está se apoderando de toda Itália", acrescentou.
"As máfias são muito hábeis. Graças ao seu código genético sabem sobreviver, se regenerar, mudar, se transformar", advertiu o sacerdote Luigi Ciotti, fundador da organização anti-máfia Libera.
Após 30 anos como fugitivo, Matteo Messina Denaro, o último representante da velha guarda da Cosa Nostra, foi detido em 16 de janeiro em Palermo, na Sicília.
FONTE: Estado de Minas