China promete defender sua soberania antes da reunião Tsai-McCarthy
A China reafirmou sua oposição "veemente" à reunião prevista para quarta-feira (5) entre o presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, e a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, e prometeu "defender com força a sua soberania".
A porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, declarou nesta terça-feira (4) que Pequim "acompanhará de perto os acontecimentos e defenderá com força a sua soberania nacional e sua integridade territorial", depois que McCarthy confirmou o encontro.
A China considera a ilha de Taiwan, de 23 milhões de habitantes, como uma de suas províncias que ainda não conseguiu reunificar com o restante de seu território desde o fim da guerra civil chinesa em 1949.
O país asiático já havia alertado McCarthy, do Partido Republicano, que ele está "brincando com o fogo" ao ter uma reunião com Tsai.
"A China se opõe de modo veemente (...) a que o presidente da Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, a terceira pessoa de maior hierarquia na administração americana, se reúna com Tsai Ing-wen", declarou Mao.
"Viola gravemente o princípio de uma só China (...) e mina gravemente a soberania e a integridade territorial da China", acrescentou.
- Viagem pela América Central -
Tsai deve fazer uma escala nos Estados Unidos em seu retorno de uma viagem pela América Central, onde se reuniu com governantes da Guatemala e de Belize.
O gabinete de McCarthy informou na segunda-feira que a reunião acontecerá na Biblioteca Presidencial Ronald Reagan, na região de Los Angeles.
A princípio, McCarthy pretendia seguir o exemplo de sua antecessora no cargo, a democrata Nancy Pelosi, que visitou Taiwan em agosto. A viagem levou a China a organizar os maiores exercícios militares de sua história ao redor da ilha.
A decisão de McCarthy de reunir-se com Tsai nos Estados Unidos é vista como um compromisso para enfatizar o apoio a Taiwan, mas evitando aumentar as tensões com a China.
Porém, Xu Xueyuan, representante de negócios da embaixada da China nos Estados Unidos, declarou na semana passada que Washington arriscava um "grave confronto", independente da visita dos políticos americanos a Taiwan ou não
"O governo dos Estados Unidos continua afirmando que o trânsito (da presidente de Taiwan) não é uma visita e que há precedentes, mas não devemos usar os erros do passado como desculpa para repeti-los hoje", disse.
Xu afirmou que Washington que estava "brincando com fogo" na questão de Taiwan, em uma referência, entre outras coisas, a visita de Pelosi à ilha no ano passado.
O consulado chinês em Los Angeles afirmou na segunda-feira que a reunião na Califórnia "feriria muito os sentimentos nacionais de 1,4 bilhão de chineses" e abalaria "as bases políticas das relações entre China e Estados Unidos".
- "Ameaças constantes" -
Embora Washington tenha reconhecido as autoridades de Pequim em 1979, o governo dos Estados Unidos é o principal aliado de Taiwan e seu principal fornecedor de armas.
A escala de Tsai acontece no momento em que a China intensifica a pressão militar, econômica e diplomática sobre a democracia autônoma que a presidente comanda desde 2016.
A América Latina virou uma região de disputa desde que Taiwan e China se separaram de fato em 1949, ao final da guerra civil. Os comunistas tomaram o poder na China continental, enquanto os nacionalistas seguiram para Taiwan.
Em Belize, Tsai agradeceu na segunda-feira o apoio diplomático de um de seus 13 aliados oficiais no mundo e denunciou as "ameaças constantes e pressões" da China, em um discurso na Assembleia Nacional do pequeno país.
Apenas Belize Guatemala permanecem como aliados de Taiwan na América Central, depois que Honduras estabeleceu relações diplomáticas com Pequim no mês passado.
FONTE: Estado de Minas