Clã do Golfo rejeita plano de submissão à Justiça colombiana
O advogado do Clã do Golfo, maior cartel de drogas da Colômbia, afirmou, nesta segunda-feira (3), que o grupo não aceita as condições de se submeter à Justiça colombiana no projeto de 'Paz Total', uma política de governo do presidente Gustavo Petro.
O representante da organização, Ricardo Giraldo, anunciou que seus clientes querem entregar suas armas através de negociações de paz, como as que estão sendo feitas com a guerrilha, e não se entregando à Justiça com benefícios penais, como propôs o Governo para o caso da quadrilha ligada ao tráfico de drogas.
"Se for por submissão aqui nunca haverá 'Paz Total', isso está claro e as Autodefesas Gaitanistas da Colômbia querem negociação ou diálogo (...), mas não vão jogar essa lei de sujeição que, entre outras, vai ser um grande fracasso", disse o advogado em entrevista à rádio W.
A iniciativa do presidente oferece benefícios aos traficantes que abandonarem o negócio e se entregarem à Justiça, incluindo penas de até oito anos de prisão e preservação de 6% de suas fortunas.
Desde que chegou ao poder em 7 de agosto, o primeiro presidente da esquerda no país está determinado a extinguir o último conflito interno no continente por meio de negociações com os grupos que permaneceram armados após o acordo de paz de 2016 com a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Em 18 de março, o Governo colombiano suspendeu uma trégua bilateral em vigência desde janeiro com o Clã do Golfo, alegando ataques dos traficantes a militares e civis.
No entanto, as partes seguem em "comunicação constante e permanente", garantiu Giraldo.
O advogado representa a direção da organização, cujo líder Jobanis de Jesús Ávila Villadiego, conhecido como "Comandante Javier" ou "Chiquito Malo", substituiu "Otoniel" após sua captura e posterior extradição para os Estados Unidos em 2022.
Em 26 de março, um vídeo validado por Giraldo mostra uma breve mensagem direcionada ao Governo. Na gravação é possível ver o "comandante Javier" rodeado de homens com espingardas e camuflados no meio da floresta.
"Continuaremos a acreditar (...) nas promessas de paz" de Petro ainda que ele "nos feche as portas", diz ele.
O mandatário também segue em negociações com o Exército de Libertação Nacional (ELN), dissidente das Farc que se afastou do acordo de paz de 2016.
A Colômbia é a maior produtora de cocaína do mundo e vive conflitos internos que, ao longo de 50 anos, já deixaram mais de nove milhões de vítimas.
FONTE: Estado de Minas