Comissão aprova inscrição de mineira que lutou por direitos de trabalhadores domésticos em Livro de Heróis e Heroínas da Pátria

21 jun 2023
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Laudelina de Campos Melo foi pioneira na luta pelos direitos das mulheres, dos negros e das empregadas domésticas. Ela nasceu em Poços de Caldas (MG) em 1904. Laudelina de Campos Melo

Wikipedia

O nome de Laudelina de Campos Melo, nascida em Poços de Caldas (MG) e pioneira na luta dos trabalhadores domésticos no Brasil, foi aprovado no Senado Federal para entrar no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) aprovou o projeto de lei nesta terça-feira (20), segundo a Agência Senado. O documento foi aprovado em caráter terminativo e segue direto para sanção da Presidência da República, exceto se houver recurso para votação no Plenário do Senado.

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Laudelina nasceu em Poços de Caldas (MG) em 12 de outubro de 1904. Neta de escravizados, durante a vida se destacou na defesa dos direitos das mulheres, dos negros e das empregadas domésticas.

A mineira começou a trabalhar aos sete anos e abandonou a escola para cuidar dos irmãos enquanto a mãe trabalhava, já que o pai havia falecido.

Aos 16 anos passou a atuar de organizações sociais do movimento negro e foi eleita presidente do Clube 13 de Maio, que promovia atividades recreativas para a população negra da cidade.

Atuação e perseguição política

Já morando em São Paulo, a trajetória de Laudelina ganhou contornos políticos na década de 1930, quando se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e militou pela Frente Negra Brasileira (FNB), entidade do movimento negro que também seria reconhecida como partido.

Ao mesmo tempo, fundou no início daquela década a primeira associação de trabalhadores domésticos do Brasil, em Santos. Naquela época surgiriam também outras entidades da categoria em território paulista.

Homenagem feita pelo Google a Laudelina de Campos Melo no dia em que ela completaria 116 anos

Google

Anos depois, ela atuaria como trabalhadora doméstica até meados dos anos 1950, quando morava em Campinas (SP) e passou a ganhar dinheiro por meio uma pensão que montou e de salgados que vendia em campos de futebol.

A associação fundada por ela havia voltado a funcionar em 1946, mas a trajetória de perseguições não havia acabado.

Doente, Laudelina acabou se afastando de sua entidade no fim dos anos 1960, e só voltaria a ela já no fim da ditadura, a pedido de amigas e companheiras. Em 1988, com a promulgação da nova Constituição, a associação finalmente se tornaria um sindicato.

Laudelina morreu em 1991, aos 86 anos de idade, em Campinas.

Só em 2013, com a aprovação da chamada PEC das Domésticas, os trabalhadores domésticos passariam a ter direito a benefícios semelhantes aos de outras categorias profissionais, como jornada de trabalho de 44 horas semanais, com limite de oito horas diárias, e o pagamento de hora extra.

"(A trajetória de Laudelina) foi fundamental para a organização da categoria na busca de direitos. Laudelina também levantou, através da sua atuação sindical, bandeiras contra o preconceito racial e contra a discriminação das mulheres", afirmou a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas.

Livro de Heróis e Heroínas da Pátria

Conhecido como Livro de Aço, por seu material de fabricação, o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria fica localizado no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Segundo a Agência Senado, ele se destina ao registro perpétuo do nome dos brasileiros e brasileiras que tenham oferecido a vida à Pátria, para sua defesa e construção, com excepcional dedicação e heroísmo.

Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria

Agência Senado / Moisés Nazário

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FONTE: G1 Globo


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