Comissão tentará resolver conflito com comunidades mapuche no Chile
O presidente de Chile, Gabriel Boric, colocou em operação nesta quarta-feira(21) uma comissão para a "a paz e o entendimento", que buscará resolver o conflito com comunidades mapuche do sul do país, uma zona golpeada pela violência e por ataques incendiários.
"Tenho a esperança, a convicção, de que a comissão, por meio do diálogo social amplo e dos acordos, construa as bases para uma solução duradoura para o conflito de longa data entre o Estado chileno e o povo mapuche", disse o esquerdista. Sua função não será elaborar diagnósticos, mas levar os atores a um processo de diálogo e levantar recomendações sobre a matéria, explicou.
A comissão é composta por oito membros e irá atuar até o fim de 2024. Seu lançamento foi no Palácio de La Moneda, com a participação de todos os partidos, desde o Comunista até o Republicano, em meio à polarização dos últimos anos.
Esta é uma nova tentativa de alcançar a paz nas regiões de La Araucanía, Biobío e Los Ríos, que vivem um recrudescimento dos ataques a igrejas, escolas, residências e instalações florestais reivindicados por grupos armados que defendem a causa mapuche. Tudo isto no âmbito de um conflito histórico por terras que grupos mapuches radicais consideram suas por direitos ancestrais.
Até abril, segundo dados do governo, 390 ataques foram registrados. Em 2022, houve 1.160 atentados, alguns atribuídos a grupos radicais, como a Coordenação Arauco Malleco (CAM).
Boric afirmou que grupos terroristas atuam na região e que, apesar da sua relutância inicial, mantém a presença militar no local. Seu governo conseguiu ontem uma autorização especial do Congresso para aplicar esta medida, já renovada em 25 ocasiões.
Na região de La Araucanía, a 600 km de Santiago, estão assentadas as maiores comunidades indígenas, presentes também nas vizinhas Los Ríos e Biobío. Com níveis de pobreza duas vezes maiores do que a média chilena, a área também sofre com o roubo de madeira, cujo setor é um dos principais meios de subsistência na região.
FONTE: Estado de Minas