Comissário de Direitos Humanos de Bukele defende ‘medidas extremas’ contra gangues salvadorenhas
O novo comissário para os Direitos Humanos de El Salvador, o advogado colombiano Andrés Guzmán, defendeu, nesta sexta-feira (26), as "medidas extremas" que o governo de Nayib Bukele tomou contra as gangues. As novas regras reduziram os homicídios, mas estão na mira de organismos humanitários.
Guzmán foi designado, na quarta-feira, pelo governante salvadorenho, que lidera uma cruzada para levar para a cadeia membros de gangues, em meio a um estado de exceção que permite prisões sem necessidade de ordem judicial.
"Há um estado de exceção e os estados de exceção requerem medidas excepcionais", disse Guzmán à emissora colombiana Blu Radio.
Questionado sobre as imagens de centenas de presos amontoados na prisão, acrescentou: "Normalmente, em todas as guerras no mundo, há mortos de um lado e do outro, esta é uma guerra onde se pode controlar um fenômeno social com um estado de exceção".
"Não há um país onde tenha existido uma guerra como a que existia em El Salvador (...). Em um processo como esse, requerem-se medidas extremas", acrescentou.
Organismos internacionais de defesa dos direitos humanos questionam o regime excepcional vigente desde março de 2022 a pedido do Executivo.
A ONG Human Rights Watch advertiu em múltiplas ocasiões sobre graves violações como prisões arbitrárias, desaparecimentos forçados e mortes sob custódia.
Desde que a medida começou a ser adotada, foram presos pelo menos 68.000 supostos membros de gangue, segundo números do Ministério da Justiça e Segurança.
"Há muitas pessoas aqui que não conhecem o bairro ao lado, porque tinham medo de sair da sua casa (...). Tudo isso passou", disse Guzmán à RCN Radio.
Apesar das críticas internacionais e da Igreja Católica, pesquisas mostram que nove a cada dez salvadorenhos apoiam as ações do governo contra as gangues.
De acordo com números oficiais, El Salvdor passou de 106,3 homicídios a cada 100.000 habitantes em 2015 para 7,8 homicídios em 2022.
Guzmán, especialista em tecnologia e comunicação, também respondeu a perguntas sobre supostas perseguições a veículos de comunicação como o El Faro, cuja estrutura administrativa se mudou para a Costa Rica, em 13 de abril, por "ataques à liberdade de imprensa" em El Salvador.
"Estou analisando esse caso (...) e não existe nenhuma norma que impeça a divulgação da informação, não se suspendeu nem se privou a liberdade de nenhum jornalista", garantiu, nesta sexta, na W Radio.
FONTE: Estado de Minas