Como Demi Lovato saiu do fundo do poço, se reinventou como roqueira e atingiu auge criativo
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Cantora apresentará no The Town show da era 'Holy Fvck', com versões pesadas de hits antigos. Podcast conta como Demi conseguiu se reerguer depois de overdose em 2018; ouça. Demi Lovato no The Town: veja como será o show
Na manhã do dia 24 de julho de 2018, paramédicos foram chamados com urgência até a mansão de Demi Lovato, em Los Angeles. Quando chegaram, encontraram a cantora inconsciente, num cenário assustador. Seu quarto estava coberto de vômito e, na casa, funcionários corriam de um lado para o outro, desesperados. Demi tinha sofrido uma overdose. E por pouco -- por muito pouco mesmo -- não morreu. Esse foi só o início do período mais obscuro de sua vida. Mas o que aconteceu anos depois dessa fase surpreendeu muita gente: a cantora americana, hoje com 31 anos, se reergueu e acabou chegando ao período mais criativo da carreira, que ela vai apresentar no Brasil neste sábado (2). A cantora é uma das atrações do festival The Town, em São Paulo Veja a programação completa do The Town 2023 Acompanhe a cobertura do festival O podcast abaixo conta a história de Demi, através das músicas que marcaram sua carreira: o que levou a artista ao fundo do poço e como ela conseguiu sair de lá aclamada por público e crítica. 'Não estou mais sóbria' Cerca de um mês antes da overdose, em junho de 2018, Demi Lovato escreveu "Sober", música em que pede desculpas á família, afirmando não estar mais sóbria. Na época, ela havia acabo de voltar a usar drogas, depois de seis anos longe do vício. O contexto da recaída: naquele ano, Demi estava viajando na turnê do disco "Tell Me You Love Me" (2017), aquele que lançou o hit "Sorry Not Sorry". Demi Lovato em apresentação nesta terça-feira (30), em São Paulo Angelo Kritikos/Divulgação Demi Lovato na série documental 'Demi Lovato: Dancing with the Devil' Reprodução/YouTube/DemiLovato No documentário "Dançando com o Diabo", em que fala sobre sua relação com as drogas, a cantora conta que a série de shows foi desgastante, física e emocionalmente. Ela estava estressada e infeliz. Foi então que decidiu voltar a beber álcool. "Tive uma sessão de fotos e me lembro de estar lá pensando: 'Nem sei mais por que estou sóbria'." A ideia, ela narra, era beber socialmente, apenas com os amigos, sem exagerar. Mas Demi não conseguiu: o vício voltou a ser um problema, escalou para outras drogas e ficou ainda pior do que antes: ela experimentou heroína e crack, as substâncias que levaram à overdose. Sem sirenes Na noite anterior ao dia fatídico, Demi tinha ido ao aniversário de uma amiga. Depois da festa, voltou para sua própria casa acompanhada de outros convidados. Mas, num determinado momento da noite, se despediu do grupo avisando que ia dormir. O que ela fez, na verdade, foi ligar para um traficante. E, a partir daí, começou a maratona de uso de drogas, que quase tirou a vida da cantora. Demi foi achada no dia seguinte na cama, desacordada, por uma assistente, que ligou para emergência. Na chamada, a funcionária pediu que a ambulância fosse até a casa da cantora sem tocar sirenes, para que a história não vazasse. Os profissionais de saúde se recusaram a atender pedido, dada a gravidade da situação. Demi descobriu depois, conversando com médicos, que, se o socorro tivesse demorado cinco ou dez minutos a mais para chegar, ela certamente teria morrido. Demi Lovato no clipe da música 'Dancing with the Devil', em que recria noite da overdose Divulgação Por causa da overdose, Demi teve três AVCs e um ataque cardíaco. Além disso, sofreu falência múltipla de órgãos e teve lesões cerebrais, que geraram sequelas na visão. Na UTI, ela precisou passar pelo procedimento de diálise, em que o sangue é retirado do corpo do paciente pra ser filtrado e depois devolvido. O trauma se tornou ainda pior quando ela descobriu, no hospital, que foi abusada sexualmente pelo traficante que lhe forneceu drogas, na noite da overdose. Adolescência difícil Não foi a primeira vez que a artista sofreu agressão sexual. Demi revelou recentemente que perdeu a virgindade em um estupro, quando ainda era uma estrela teen da Disney. Talento precoce, ela começou a carreira como atriz em 2002, aos 9 anos de idade, na série "Barney e seus Amigos". Mas foi a partir de 2008 que Demi se tornou mundialmente conhecida, como protagonista filme original do Disney Channel "Camp Rock". Nessa época, saiu também seu álbum de estreia, "Don't Forget", um sucesso impulsionado pelo filme. Demi Lovato em 2009 e em 2022 Divulgação A carreira da Demi deslanchou ao mesmo tempo em que ela passou a lidar com o vício em drogas e álcool e com transtornos alimentares. Tudo isso enquanto atravessava o já complicado período da adolescência. Aos 18 anos, a cantora se internou numa clínica de reabilitação e começou o tratamento que a fez ficar sóbria por seis anos, antes da recaída que culminou na overdose. Salva pelo rock Depois que saiu do hospital em 2018, Demi foi de novo pra reabilitação. Teve outras recaídas, mas conseguiu fazer um retorno triunfal, depois do hiato, numa apresentação emocionante no Grammy de 2020, em que cantou "Anyone". A música, gravada quatro dias antes da overdose, tem uma letra em que a cantora desabafa sobre como se sentia profundamente sozinha naquele período. Na pandemia, ela voltou a viver perto da família, começou a meditar, iniciou e terminou um noivado em meio à quarentena. Em 2021, lançou o álbum "Dancing with the Devil... The Art of Starting Over", uma espécie de trilha sonora não oficial do documentário sobre sua relação com as drogas. Mas foi com o disco "Holy Fvck", de 2022, que Demi mostrou ter se reerguido de verdade. Ela chegou ao auge criativo. Capa do álbum 'Holy Fvck' de Demi Lovato Divulgação "Skin of My Teeth", primeiro single lançado no ano passado depois de uma nova passagem pela reabilitação, em 2021, já mostrou um som mais pesado e autoral. A primeira frase da música acabou com qualquer especulação: “Demi deixando a rehab de novo, quando essa merda vai acabar?”. A nova era mostrou uma guinada de Demi a um estilo mais roqueiro, com guitarras e baterias em destaque. Em entrevista ao g1 em 2022, ela contou que decidiu resgatar suas raízes do pop rock. "Por um tempo, eu fiquei cantando músicas que não pareciam genuínas para quem eu era. Eram genuínas na época, mas não tinham a ver com as minhas raízes." Para os shows da turnê -- incluindo a apresentação no The Town -- ela repaginou antigos hits em versões roqueiras. Músicas como "Don't Forget", "Heart Attack", "Sorry Not Sorry" e "Cool for the Summer" ficaram mais interessantes e divertidas em arranjos mais pesados. Demi costuma aparecer no palco vestida com tecido vinil, correntes, spikes e um corte de cabelo que lembra a estrela do rock Joan Jett. A banda que a acompanha é formada só por mulheres: um time de ótimas roqueiras. O destaque é Nita Strauss, guitarrista que saiu da banda de Alice Cooper, um ícone do rock, para se juntar a Demi Lovato.FONTE: G1 Globo