Contratações aumentam nos EUA, mas mercado de trabalho dá sinais de desaquecimento

01 set 2023
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As contratações nos Estados Unidos registraram um salto surpreendente no mês passado, conforme dados divulgados pelo governo nesta sexta-feira (1º), mas o desemprego atingiu seu nível mais alto desde o início de 2022, à medida que a economia americana dá sinais de desaquecimento.

A maior economia do mundo criou 187 mil empregos em agosto, de acordo com o Departamento do Trabalho, mas o aumento de salários caiu, enquanto a taxa de desemprego subiu para 3,8%, frente aos 3,5% de julho.

O aumento nos dados de geração de emprego ocorre enquanto os números do emprego relativos a junho e julho foram ambos revistos para baixo. Ao mesmo tempo, as cifras sinalizam, em geral, um ritmo constante de contratações, enquanto o mercado de trabalho dá sinais de abrandamento.

Um mercado de trabalho relativamente forte aumentou as expectativas de que os Estados Unidos pudessem reduzir a inflação sem levar a economia a uma recessão.

"As pessoas estão (...) voltando para seus locais de trabalho", disse o presidente Joe Biden à imprensa, elogiando a elevada proporção de americanos no mercado em idade economicamente ativa.

Nesta sexta-feira, dados do Departamento do Trabalho mostraram que a renda média por hora em agosto subiu 0,2%, mais lentamente do que no mês anterior. E, embora a taxa de desemprego tenha aumentado, isto resultou de um aumento de 0,2 ponto percentual na taxa de participação da força de trabalho - depois de ter permanecido estável desde março.

Ainda segundo o mesmo relatório, o número de "estreantes" entre os desempregados, referente às pessoas sem experiência profissional anterior, também aumentou.

Biden observou que, embora alguns especialistas tenham dito que um desemprego mais alto e salários mais baixos poderiam ser necessários para colocar a inflação sob controle, ele "nunca pensou que esse fosse o problema".

O presidente americano, que tenta reverter um persistente sentimento negativo em relação à economia em meio à sua campanha pela reeleição, ressaltou que sua agenda econômica para investir no país e nos americanos - a "Bidenomics" - está funcionando.

- "Desaceleração notável" -

"o emprego em folha aumentou em agosto, mas com as revisões para baixo na taxa de crescimento do emprego em junho e julho observadas neste relatório, o efeito cumulativo é uma desaceleração perceptível no mercado de trabalho", disse Mike Frantantoni, economista-chefe da Mortgage Bankers Association.

Em comunicado divulgado nesta sexta, o Departamento de Trabalho detalhou que "o emprego manteve sua tendência ascendente nos serviços de saúde, lazer e hotelaria, assistência social e construção", enquanto "nos transportes e na logística diminuiu".

A escassez de mão de obra desde a pandemia da covid-19 levou os empregadores a aumentarem os salários, uma boa notícia para os trabalhadores, mas que contribuiu para disparar a inflação.

Para que a inflação volte a um nível aceitável, de forma duradoura, é necessário um "relaxamento das condições do mercado de trabalho", declarou recentemente o presidente do Fed, Jerome Powell.

- Mais equilíbrio -

Os números de agosto são um "grande passo para um mercado de trabalho normal", disse Robert Frick, economista da Navy Federal Credit Union.

"A tendência de crescimento do emprego continuou se moderando, a taxa de desemprego aumentou, a taxa de participação (da força de trabalho na economia) aumentou, e o crescimento da renda também se moderou: todos sinais de que a oferta e a demanda de trabalho se equilibram mais", afirmou Nancy Vanden Houten, da Oxford Economics.

Há mais de dois anos, os empregadores americanos enfrentam dificuldades para contratar pessoal suficiente, devido, sobretudo, à antecipação da aposentadoria e à imigração insuficiente.

Os trabalhadores abandonaram seus empregos em massa, trocando-os por vagas com melhores salários, ou para trabalhar de casa, uma medida que ficou conhecida como "a grande renúncia".

"Continua havendo mais ofertas de trabalho do que desempregados", afirma o vice-presidente da Associação Banqueiros Hipotecários (MBA, na sigla em inglês), Mike Fratantoni.

Em pleno período de volta às aulas, a cidade da Filadélfia não tem um número suficiente de motoristas de ônibus escolares, os famosos ônibus amarelos, e oferece US$ 300 por mês (cerca de R$ 1.479,00 na cotação atual) aos pais que levarem seus filhos para a escola.

"A queda das pressões salariais e uma alta da taxa de atividade são encorajadoras. Confirmam certa flexibilização das condições do mercado de trabalho", disse Rubeela Farooqi, economista da High Frequency Economics, que estima que estes dados favorecem a que o Fed mantenha sua taxa básica de juros inalterada.


FONTE: Estado de Minas


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