Crises de ansiedade são acolhidas em sala sensorial no The Town: ‘Muita gente é demais pra ela’, diz acompanhante de autista atendida

04 set 2023
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Espaço foi colocado no Centro de Acessibilidade e ajuda autistas a diminuir ansiedade para conseguirem ver shows lotados. Festival inédito ocorreu sábado (2) e domingo (3) no Autódromo de Interlagos e acontece também nos dias 7, 9 e 10 de setembro. Sala de regulação sensorial no The Town

Paola Patriarca/g1

Foi com o objetivo de auxiliar pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) durante o festival The Town que uma equipe de uma clínica de terapia ocupacional montou uma sala de regulação sensorial em parceria com uma empresa de equipamentos sensoriais para funcionar todos os dias do evento, que começou no sábado (2) no Autódromo de Interlagos.

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Com ambiente climatizado, silencioso e bastante colorido, a sensação é de aconchego e de ambiente seguro quando se entra no local. Segundo a terapeuta ocupacional Sanged Portella, cada detalhe na sala foi pensado justamente para que ajude a diminuir a crise de ansiedade.

"Eu sou terapeuta há mais de 30 anos e sempre vem paciente falar que tem o sonho de participar de festival, mas que não conseguiria ficar até o final. O autista, pelo nível de ansiedade, acaba desregulando as funções sensoriais. Eles não conseguem voltar para o nível estável. Entram em crise de ansiedade, começam a andar de um lado para o outro e querem ir embora. Foi, então, que surgiu a oportunidade de estarmos aqui no The Town", explica a terapeuta

"No sábado [dia 2], a gente teve uma jovem que ficou paralisada devido à ansiedade. E a sala é justamente para isso. É uma luz regulada, amarela, com equipamentos que promovem essa regulação sensorial, o que gente chama de sistema vestibular, que é o sistema de equilíbrio. Sabe quando a gente dá um abraço e sente aconchegado? Eles precisam de muito dessa sensação", ressalta.

Sala ajuda pessoas Transtorno do Espectro Autista (TEA) no The Town

Cíntia Acayaba/g1

Ainda conforme a terapeuta, há cobertores pesados para ajudar na sensação de 'ninho' e almofadas espalhadas.

"Eles dão a sensação de ninho, segurança. E com esse conforto, diminui o nível de ansiedade e aí eles conseguem se controlar sensorialmente e aproveitar o show. Eles precisam participar de eventos assim, eles gostam".

Luciana ainda conta que nos dois primeiros dias do festival, foram até a sala pessoas entre 12 e 30 anos. "Tem de todas as idades. Teve gente que voltou cinco vezes por conta das crises, mas conseguiu ficar até o final do show".

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Almofada de guitarra desenvolvida exclusivamente para a sala sensorial do The Town

Cíntia Acayaba/g1

Enquanto a reportagem do g1 conhecia a sala, uma adolescente entrou acompanhada de uma parente em momento de crise de ansiedade. Em poucos minutos, ao se cobrir com cobertor e ficar no espaço, ela foi se acalmando. "Muita gente é demais pra ela", disse a acompanhante.

"É um ambiente que gera ansiedade e as questões sensoriais ficam literalmente a flor da pele. Eles não gostam de fila, porque pensam ' o que vai acontecer comigo?'. Então isso gera um nível de ansiedade para eles que acaba entrando em crise mesmo. Esse espaço é um sonho da gente, de proporcionar que todos possam curtir eventos assim", ressalta Luciana.

O Festival The Town também disponibilizou kits sensoriais com abafadores de ruído e óculos especiais, que ajudam a atenuar estímulos sensoriais excessivos.

Além de pessoas que buscam ajuda, os responsáveis pela sala identificam pessoas com autismo na fila pela postura e também pelos cordões de girassol, usados por autistas e outros neurodivergentes.

Detalhes de sala sensorial no The Town

Cíntia Acayaba/g1

Acessibilidade para cadeirantes

Ana Barbosa é cadeirante desde que nasceu

Paola Patriarca/g1

Cadeirante desde que nasceu, a jovem Ana Barbosa comemora que pôde sair sábado (2) de Vinhedo, interior de São Paulo, para ir até o festival The Town no Autódromo de Interlagos, Zona Sul de São Paulo.

Acompanhada do namorado Matheus Silva, Ana contou ao g1 que saber que teria um espaço com acessibilidade durante o festival foi o que motivou a comprar ingressos para aproveitar os shows do MC Hariel com MC Ryan SP e MC Cabelinho, além de Post Malone.

"É muito importante ter esse espaço para a gente aproveitar. A gente pode curtir igual todo mundo. Pela primeira vez estou vendo o palco assim, de um lugar alto, de frente, já que o espaço para nós está numa plataforma com altura boa. É muito bom isso, de verdade".

"Viemos tranquilamente e vamos poder curtir muito. Estamos felizes por isso. Até chegarmos ao espaço foi tranquilo também para a cadeira de rodas", complementou o namorado de Ana, Matheus Silva.

Ana Barbosa com o namorado Matheus Silva

Paola Patriarca/g1

O espaço acessibilidade vai poder ser encontrado perto de todos os palcos durante o festival. Sofia Spers, de 17 anos, também é cadeirante e foi com a tia, irmão e uma amiga para aproveitar o primeiro dia do The Town.

"Sou de Piracicaba e vim para ver para todos os shows. Não tenho um artista preferido hoje. Quero ver todo mundo e ter esse espaço é ótimo", afirmou ao g1 enquanto aproveitava o show de MC Hariel com MC Ryan SP e MC Cabelinho.

Pedro Mamone, de 21 anos, é de São Paulo e sofreu uma queda faltando um mês para o The Town. Com um dos pés imobilizado devido a uma entorse, o jovem diz que só não deixou de ir ao evento porque soube que conseguiria ficar no espaço acessibilidade.

"Eu até achei que não ia conseguir vir, mas aí me informaram que com a cadeira de rodas poderia ter acesso às plataformas e, nossa, fiquei feliz demais. Comprei ingresso em abril e estava ansioso. Mesmo imobilizado, vai dar pra aproveitar", contou.

Pedro Mamone

Paola Patriarca/g1

Próximo à entrada do festival foi instalado um Centro de Acessibilidade onde podem ser retirados, gratuitamente, propulsores elétricos para cadeiras de rodas, segundo divulgou a prefeitura.

Ainda conforme a prefeitura, para facilitar a comunicação, 10 duplas de intérpretes de libras estarão a postos e a "Paraoficina Móvel", van adaptada que oferece serviços gratuitos de manutenção e reparos, estará posicionada ao lado do Centro de Acessibilidade.

Espaço acessibilidade perto do palco Skyline no The Town

Paola Patriarca/g1

Transporte

Como as vias serão interditadas para carros comuns, a prefeitura informou que vans acessíveis sairão do Shopping SP Market com destino ao Autódromo. Outros veículos ficarão à disposição durante o evento, conduzindo as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, ao lado de acompanhantes.

Além da plataforma elevada próxima aos palcos, o The Town disponibilizou um grande mapa tátil para as pessoas com deficiência visual, além de um espaço especial para as gestantes.

Quem é deficiente visual ou cego poderá retirar um kit de fones de ouvido para acompanhar a equipe de audiodescrição, que irá narrar as estruturas dos shows e as performances dos artistas.

Como chegar ao Autódromo de Interlagos?

O Autódromo de Interlagos fica na região sul da capital paulista, no bairro de Interlagos. Veja a seguir as opções para acessar ao evento.

Trem/metrô: A estação mais próxima é a Autódromo, da Linha 9 - Esmeralda, que fica a cerca de 700 metros da entrada do festival, ou seja, são aproximadamente 8 minutos de caminhada.

Expresso e semiexpresso: As linhas 8 e 9 terão um serviço especial de trens expresso e semiexpresso, com ida e volta para estações específicas em horários pré-determinados, com tempo de viagem reduzido. Os bilhetes custam de R$15 a R$40 e podem ser adquiridos antecipadamente no site da ViaMobilidade.

Táxi ou carros de aplicativo: O embarque e desembarque acontecerão em áreas sinalizadas, nas estações próximas ao festival. Algumas ruas, porém, estarão bloqueadas para automóveis.

PCDs: Pessoas com deficiência (PCDs) tem direito a um serviço especial de transporte operado pelo The Town. O trajeto sai do Shopping SP Market até o festival, onde terão catracas preferenciais.

O metrô vai funcionar 24 horas?

Todas as linhas do metrô e trem funcionarão 24 horas. A partir da meia-noite, a estação Autódromo estará aberta para embarque do público, e as demais funcionarão para desembarque.

Como vai funcionar o serviço de expresso e semiexpresso?

Expresso

Estações: Barueri (Linha 8) – Pinheiros (Linha 9) – Autódromo (Linha 9)

Tempo previsto até Interlagos: 48min de Barueri e 20min de Pinheiros

Partidas a cada 60min, das 12h às 20h

Semiexpresso

Estações: (Linha 8) Barueri – (L8) Carapicuíba – Osasco (Linhas 8 e 9) – Pinheiros (Linha 9) – Vila Olímpia (Linha 9) – Berrini (Linha 9) – Morumbi (Linha 9) – Santo Amaro (Linhas 9-5) – Autódromo (Linha 9)

Tempo previsto até Interlagos: 52min de Barueri e 23min de Pinheiros

Idas a cada 60min, das 11h30 às 19h30

Voltas a cada 60min, das 00h às 4h

Haverá estacionamento?

Haverá uma rede de estacionamentos integrados (próximos às estações) para ônibus fretados, vans e automóveis, cuja reserva antecipada de vagas poderá ser feita com antecedência, por meio da Coopark.

Que horas começa o festival?

Os portões do festival serão abertos às 14h. A entrada estará liberada até à meia-noite. As apresentações começam a partir das 15h.

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FONTE: G1 Globo


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