Deputados britânicos aprovam proibição de importação de troféus de caça
A Câmara Baixa do Parlamento britânico aprovou a proibição da importação de troféus de caça nesta sexta-feira (17), uma medida bem-vista por alguns ambientalistas, mas que outros temem que possa ser contraproducente.
"Ouso dizer que Cecil, o leão, não morreu em vão", disse a vice-ministra do Meio Ambiente, Trudy Harrison, à Câmara dos Comuns, com a voz embargada de emoção.
Anunciado em dezembro de 2021, esse projeto de lei surgiu pela morte desse leão em 2015, abatido por um dentista americano em uma reserva do Zimbábue. O episódio causou indignação em todo o mundo.
Antes de entrar em vigor, a nova legislação britânica ainda deve ser aprovada pela Câmara Alta do Parlamento.
A caça de troféus, na qual admiradores ricos podem pagar milhares de dólares para matar leões, ou elefantes, e depois arrancar suas cabeças, peles, ou chifres, provoca grande polêmica.
Alguns conservacionistas denunciam a crueldade contra os animais, enquanto outros sustentam que a renda gerada por esse esporte de luxo financia a conservação das espécies.
De acordo com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), o número de animais selvagens na África caiu 66% desde 1970. Mas a caça de troféus, quando administrada adequadamente, provou ser uma "ferramenta de conservação eficaz", afirma esta organização.
Em uma carta ao ministro do Desenvolvimento do Reino Unido, Andrew Mitchell, no início deste mês, dezenas de ativistas ambientais e líderes comunitários de Botsuana, Angola, Zâmbia e Namíbia pediram que o projeto de lei fosse descartado, dizendo que teria um impacto negativo.
O diretor da Câmara do Meio Ambiente da Namíbia (NCE), Chris Brown, disse recentemente à AFP que o texto impõe uma "forma de pensar muito urbana e asséptica" com conotações pós-colonialistas.
No Reino Unido, o projeto de lei recebeu o apoio de celebridades, incluindo a modelo Kate Moss e o jornalista esportivo e ex-jogador de futebol Gary Lineker.
FONTE: Estado de Minas