Deslocados de Bakhmut choram de raiva por sua cidade devastada

23 maio 2023
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Moradores deslocados de Bakhmut, cidade no leste da Ucrânia, frequentam um centro de apoio especial em Kiev para receber cuidados médicos e roupas, e choram de raiva ao pensar em suas casas.

O grupo paramilitar russo Wagner afirma ter tomado a cidade, palco da mais feroz e sangrenta batalha da invasão da Ucrânia. De sua parte, Kiev nega que suas forças tenham perdido Bakhmut.

"Eu só quero dizer uma coisa para aqueles que estavam esperando (pela Rússia): vocês conseguiram o que queriam!" soluça indignada Olga, que teve que fugir de sua cidade natal.

Como outros moradores deslocados de Bakhmut, a mulher de 33 anos visita um centro de apoio criado pelo governo local em Kiev, onde pode consultar um médico ou obter roupas e lençóis gratuitamente.

Em meio a lágrimas de raiva, Olga descreve como acabou "sem-teto tendo uma moradia" em Bakhmut, de onde fugiu para chegar a Kiev em outubro com o marido e dois filhos.

Os moradores de Bakhmut continuam atentos por meio das redes sociais e canais de notícias ao que aconteceu com suas casas naquela que antes era uma cidade verde e calma, hoje devastada e vazia.

Quando os homens do grupo Wagner chegaram, "entendemos que era o fim", explica Olga.

"No início, alguns de nossos amigos ainda estavam lá. Quando (os russos) tiraram as pessoas que não haviam sido retiradas a tempo, entendemos que eles estavam destruindo tudo", acrescenta.

Vera Biriukova, uma professora aposentada de 74 anos, mostra uma exposição de fotos de um prédio sem janelas incendiado, com seu apartamento no andar térreo.

"Não tenho lugar para voltar, mas quero voltar para minha casa, embora restem apenas ruínas" explica Biriukova.

"Não pensávamos que nossa cidade se tornaria uma fortaleza", afirma.

A mulher de cabelos grisalhos começa a chorar ao descrever como fugiu para Kiev depois de dormir por meses em um porão, levando algumas roupas com ela e deixando para trás suas preciosas fotos de família.

No entanto, não condena as ações da Rússia. "O que posso dizer? Quero ir para casa. Não sou política."

- Acham "que somos nazistas" -

Tkachenko é originária da Rússia, onde ainda tem família.

"Meus parentes me escrevem agora dizendo: 'Tudo ficará bem. Estamos libertando vocês'", diz ela.

"Não esperava que fosse assim, que 80% dos russos agora pensem que somos inimigos, que somos nazistas".

A diretora do centro para deslocados de Bakhmut, Lyudmyla Bondareva, diz que mais de 6.500 moradores da cidade vivem em Kiev e sua região, incluindo 1.400 crianças. Muitos deles lutam para sobreviver, principalmente devido aos altos aluguéis na capital, mas Lyudmyla também reclama da falta de ajuda alimentar.

Iryna explica que dorme em um colchão no chão de um estúdio que divide com outras três pessoas. Ela não recebe cestas básicas desde setembro.

"É difícil, mas o que podemos fazer? A vida é assim".


FONTE: Estado de Minas


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