Diretor de ‘A Pequena Sereia’ nunca teve dúvidas sobre Halle Bailey como Ariel: ‘Ela escolheu por mim’
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Em entrevista ao g1, Rob Marshall fala sobre desafios técnicos de reproduzir o fundo do mar e as críticas à atriz: 'Parece tão antiquado'. Versão com atores estreia nesta quinta (25). Rob Marshal, diretor de 'A Pequena Sereia', fala sobre escalação de Halle Bailey
Quando a versão com atores de "A Pequena Sereia" estrear nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (25), o público vai encontrar uma Ariel um tanto diferente daquela da animação de 1989. A maioria deve gostar, alguns podem reclamar, mas, para o diretor Rob Marshall ("O Retorno de Mary Poppins"), escalar a atriz e cantora Halle Bailey no papel foi fácil. G1 já viu: 'A Pequena Sereia' acerta só com a ótima Halle Bailey e nada mais "Você quer uma ótima cantora, alguém que pode ser muito obstinada, apaixonada, mas também ao mesmo tempo uma qualidade de outro mundo, meio que etérea. Ela precisa de vulnerabilidade, ingenuidade em algumas formas. E era incrivelmente complicado encontrar isso", diz o cineasta indicado ao Oscar por "Chicago" (2002) em entrevista ao g1. Assista ao vídeo acima. "Halle tinha tudo isso. Eu na verdade não precisei fazer escolha alguma. Ela quem escolheu por mim. Ela reivindicou o papel." Halle Bailey em cena de 'A Pequena Sereia' Divulgação Mais uma vez, com atores O "A Pequena Sereia" que estreia agora é a mais nova regravação, com atores de carne e osso, de um clássico animado da Disney – algo que se tornou uma franquia quase própria dentro do estúdio. Nos últimos anos, são vários, como "Aladdin" (2019) e "Mulan" (2020). E muitos outros estão programados. Isso para não falar daqueles que se inspiram nos desenhos para apresentar histórias ligeiramente diferentes, como "Malévola" (2014) e "Cruella" (2021). O novo filme se encaixa nas adaptações mais fiéis. Por isso, a trama é praticamente a mesma. Uma sereia (Bailey) se sente um peixe fora d'água por causa do pai (Javier Bardem), um rei dos sete mares superprotetor. Proibida de subir à superfície, se apaixona perdidamente por um príncipe humano (Jonah Hauer-King) e procura ajuda da tia bruxa (Melissa McCarthy) para ter uma chance com o rapaz. Como sempre, no entanto, há uma pegadinha. Ela deve abrir mão da própria voz para conquistá-lo em três dias, sob risco de virar uma escrava eterna da vilã se não for bem-sucedida. O produtor John DeLuca, o diretor de fotografia Dion Beebe e o diretor Rob Marshall durante as gravações de 'A Pequena Sereia' Giles Keyte/Disney 'Ela é a Ariel' Muita gente se surpreendeu com o anúncio da jovem de 23 anos no papel em 2019. Nem tudo foi positivo, mas as reações de meninas pretas assistindo ao primeiro trailer do filme, três anos depois, viralizou. Emocionadas, comemoravam o fato de ver uma nova princesa Disney que se parecia com elas. "Quando vi os vídeos com as reações das crianças, eu chorei. Eu fiquei muito emocionada porque eu me lembrei da garotinha que eu era e se eu visse uma sereia negra quando eu era jovem, isso teria mudado toda a minha perspectiva de vida", afirmou a atriz e cantora ao "Fantástico". Para Marshall, o importante era só achar a intérprete ideal para a personagem. "Eu tinha uma intenção: encontrar a melhor Ariel. Ponto. É tudo o que me importava. Olhamos em todas as etnias, em centenas de atrizes, para o papel. Era tão claramente a Halle", conta ele. "Às pessoas que dizem que querem ver a 'Ariel da animação' – o que eu não entendo direito. Parece tão antiquado, para mim –, eu digo: 'vão ver o filme'. Vocês vão ver. Ela é a Ariel. 100%." Halle Bailey e Jonah Hauer-King em cena de 'A Pequena Sereia' Divulgação Contemporâneo de 1837 As reclamações não fazem sentido também porque o filme, baseado no conto de 1837 do dinamarquês Hans Christian Andersen, transporta a história para um clima mais tropical. A localização nunca é falada abertamente, mas há um quê de Caribe na ambientação. Em certo momento, por exemplo, alguém fala de comércio de cana. Tanto que a mãe do príncipe Eric, que nunca nem aparece na animação, é interpretada por outra atriz preta, Noma Dumezweni (que trabalhou com Marshall em "O Retorno de Mary Poppins"). Mesmo com tanto tempo entre o conto e a regravação, o cineasta olhou para o original em busca de inspiração. "Vi nesse conto uma história muito contemporânea sobre uma jovem que se sente deslocada e quer algo diferente para sua vida. E que não tem medo de ir nessa jornada e aprender sobre pessoas diferentes dela. Para mim, foi uma história muito comovente e contemporânea." Sabidão (dublada por Awkwafina), Linguado (dublado por Jacob Tremblay) e Halle Bailey em cena de 'A Pequena Sereia' Divulgação Dança no fundo do mar O maior desafio para Marshall foi mesmo a gravação em si. Afinal, desenhar o fundo do mar é fichinha comparado a passar a sensação de que atores dançam e cantam como criaturas que vivem debaixo d'água. Por isso, ele agradece por sua experiência com a dança. Aos 62 anos, o americano começou carreira como dançarino e esteve até em diversas peças da Broadway. Depois de mudar de carreira por causa de uma hérnia de disco, estreou como diretor justamente em seu maior sucesso, a adaptação cinematográfica de "Chicago" – do qual inclusive foi coreógrafo. "Ensaiamos por meses e meses e meses em todos os tipos de aparatos. Equipamentos e fios e todo tipo de coisas. Para que os atores pudessem começar a se sentir confortáveis neles. Às vezes, eu literalmente gritava 'ação' e então eles falavam duas falas e eu falava 'corta' e nós os colocávamos em outro equipamento", afirma o diretor. "Eu devo dizer que na verdade sou grato pela minha experiência com coreografia, porque eu senti que a coisa toda foi coreografada. Absolutamente. Igual a um balé. A única forma de fazer era passo a passo." Melissa McCarthy em cena de 'A Pequena Sereia' DivulgaçãoFONTE: G1 Globo