Drone de Israel mata palestinos na Cisjordânia em meio a escalada da violência
Militares de Israel mataram nesta quarta-feira (21) três palestinos apresentados como membros de uma "célula terrorista", em um ataque com drone na Cisjordânia ocupada.
Os militares "identificaram em um veículo suspeito uma célula terrorista que havia aberto fogo" perto de Jalamah. "Um drone atirou contra a célula e a neutralizou", informou o Exército, segundo o qual três pessoas morreram na operação.
Segundo o vice-governador de Jenin, os três homens eram procedentes do campo de refugiados daquela cidade, onde ocorreu anteontem uma incursão sangrenta do Exército israelense.
A ação é a primeira deste tipo realizada pelo Exército de Israel na Cisjordânia desde agosto de 2006, segundo uma fonte do serviço de inteligência palestino.
O movimento islamita palestino Hamas, que governa a Faixa de Gaza, chamou o novo episódio de "crime" e "escalada perigosa", e afirmou que o mesmo "não ficará impune". Já o movimento palestino Jihad Islâmica chamou os três mortos de "mártires heroicos".
O ataque com drones é o episódio mais recente da escalada da violência na região. Cerca de 200 a 300 civis israelenses entraram nesta tarde na cidade de Turmus Ayya, onde incendiaram terrenos agrícolas, casas e dezenas de veículos, relataram à AFP moradores e o prefeito da cidade, Lafi Adib.
"Um mártir chegou ao Complexo Médico Palestino vindo de Turmus Ayya depois de levar um tiro no peito", informou, em nota, o ministério da Saúde palestino.
Na véspera, quatro israelenses morreram perto da colônia de Eli, atingidos por disparos efetuados por palestinos, que, por sua vez, foram mortos pelo Exército. No dia anterior, uma operação israelense havia deixado sete mortos em Jenin, na Cisjordânia.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou em vídeo que não aceitará "nenhum distúrbio" na região. "Há dias em que devemos lembrar o que é evidente: o Estado de Israel é um Estado de Direito, e todos os seus cidadãos têm que seguir a lei", insistiu.
À noite, foi notificada uma nova incursão realizada por israelenses pelo povoado de Urif. O prefeito Abdelhakim Shehada contou que os moradores repeliram os israelenses com pedras.
Em Turmus Ayya, 35 casas foram danificadas e cerca de 50 carros e terras de cultivo foram incendiadas, segundo o prefeito.
"Os colonos atiraram contra nós e, quando a polícia e o Exército israelense chegaram, lançaram balas de borracha e gás lacrimogêneo", disse o morador Awad Abu Samra.
A violência ocorre pouco após o funeral de Nahman Mordof, 17 anos, um dos quatro israelenses mortos ontem perto da colônia de Eli. Em resposta, o governo israelense decidiu hoje acelerar a construção de mil novas residências no assentamento.
- Caixão carregado por estudantes -
A agressão perto de Eli ocorreu um dia depois de uma incursão sangrenta do Exército de Israel por Jenin, norte da Cisjordânia, que deixou sete mortos.
A palestina Sadil Naghnaghiya, 15 anos, ferida na última segunda-feira durante a operação em Jenin, morreu hoje. Colegas de escola carregaram o seu caixão.
Outros seis palestinos, incluindo outro adolescente de 15 anos e um combatente da Jihad Islâmica, morreram na mesma operação, segundo o Ministério da Saúde.
Israel ocupa a Cisjordânia desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Excluindo o leste de Jerusalém, também anexado, o território abriga agora cerca de 490.000 israelenses, que vivem em assentamentos considerados ilegais segundo o direito internacional.
Os Estados Unidos expressaram "preocupação profunda" com o aumento da violência. Desde o começo do ano, 174 palestinos, 25 israelenses, um ucraniano e um italiano morreram no conflito israelense-palestino, segundo um balanço da AFP com base em fontes oficiais israelenses e palestinas.
FONTE: Estado de Minas