Dubladores brasileiros concorrem ao ‘Oscar da Voz’ nos EUA; conheça dupla mineira que tenta prêmio inédito
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Andressa Mello e Daniel Dazzini são de Juiz de Fora e concorrem nas categorias melhor dublagem e melhor locução de TV/Web, respectivamente. Confira o nome dos 11 brasileiros participantes da premiação. Andressa Mello e Daniel Dazzini, finalistas do "Oscar da Voz" nos Estados Unidos
Andressa Mello/Instagram Os mineiros Daniel Dazzini e Andressa Mello guardarão com carinho a passagem por Los Angeles, na Califórnia. A dupla, nascida em Juiz de Fora, disputa pela primeira vez o Prêmio SOVAS Voice Arts Awards, considerado o “Oscar da Voz”. A cerimônia será realizada neste domingo (10), com a participação de 11 brasileiros. Confira a lista completa mais abaixo. Enquanto Andressa concorre ao prêmio de melhor dublagem para TV ou cinema em língua portuguesa sendo a voz brasileira da personagem Derin, da novela turca “Iludida”, Daniel foi escolhido para representar o Brasil na categoria de melhor locução para TV/Web com a chamada comemorativa do especial "Harry Potter "De volta a Hogwarts". “É o primeiro prêmio que eu estou concorrendo, o primeiro prêmio internacional não precisa nem falar, né? É muito legal, a sensação de um reconhecimento de fora do meu trabalho”, explica Andressa, que entrou para o mercado de dublagem há aproximadamente 8 anos e hoje já soma vários trabalhos, como a dublagem da ovelha Compasso, da animação “Magri e os maluquinhos”, Gamze, da novela turca “Mãe”, e a personagem Penny, do filme “O casamento dos meus sonhos”. Já Daniel também tem dublagens como o Capitão Bumerangue, na 9ª temporada de The Flash, e Javier Ambrossi, jurado da Drag Race Espanha. Além disso, é o locutor de empresas como Microsoft, Nike, Linkedin, Disney e Warner Bros. “Tô extasiado. É o maior reconhecimento do mundo dentro da nossa profissão. E sem falar que é Hollywood. Aqueles ídolos que a gente vê na televisão, na Tela Quente, na Sessão da Tarde, vão estar lá, né? Meryl Streep, Viola Davis, Jackie Chan, essa galera toda. Eu, um cara do Bairro Poço Rico, tô aqui, sendo reconhecido pelo meu trabalho. Junto com essa galera. É algo que eu nunca, nunca experimentei algo parecido". Sons de latidos, beijos e até arrotos Formada em artes cênicas pela Universidade de São Paulo (USP) e aluna de canto da Bituca Universidade de Música Popular, Andressa Mello tem 29 anos e, em 2015, estreitou relações com a dublagem, iniciando cursos na área. Confira dublagem de Andressa Mello, brasileira indicada ao 'Oscar da Voz' nos EUA Acostumada aos palcos de teatro, ela diz ter aproveitado algumas características cênicas e aprendeu também a desenvolver outras mais específicas da dublagem. “No palco você tem todo um conjunto de ferramentas para passar a mensagem que você precisa. Você tem a voz, as mãos, a sua expressão facial, um jogo de cena, a luz. Na dublagem, para você fazer o seu trabalho, você só tem a voz”. No entanto, características como boa leitura, dicção e o talento para passar a emoção unem as duas profissões, segundo ela. Andressa Mello, finalista do Prêmio SOVAS Voice Arts Awards 2023 Andressa Mello/Arquivo Pessoal O grande desafio como dubladora é fazer todos os sons que são feitos com a boca dos personagens em cena. “Se alguém latir, temos que latir, se alguém dá um beijo, a gente normalmente beija nossa mão ou nosso dedo para ter aquele som. Se alguém arrota, você tem que arrotar”. Na voz da personagem Derin, a mineira estima mais de 600 horas de trabalho, com aproximadamente seis episódios de 45 minutos gravados por semana. 📲 Receba no WhatsApp notícias da Zona da Mata e região De acordo com ela, a reclusão exigida nos tempos de pandemia ofereceu oportunidade para descentralizar o mercado, possibilitando trabalhos em estúdios criados dentro de casa, como os que ela tem em Juiz de Fora e Barbacena, onde vive atualmente. “Os estúdios foram adotando aos poucos um regime híbrido para a gente poder também trabalhar de casa. No finalzinho da novela, eu gravei inclusive em um motorhome, adaptando um espaço e gravando vários episódios viajando pelo sul da Bahia com meu pai. Foi maravilhoso”. O famoso desconhecido Morando no Rio de Janeiro há 4 meses, Daniel Dazzini, de 36 anos, também acredita que a pandemia possibilitou que os profissionais de voz tivessem mais liberdade para trabalhar, mesmo que não morando em grandes centros. Daniel Dazzini, de 36 anos, é um dos finalistas do SOVAS Voice Arts Awards, o “Oscar da Voz” Arquivo Pessoal/Daniel Dazzini Antes de mudar-se para o Rio, o seu homestudio em Juiz de Fora permitia conexões com várias partes do mundo. “Trabalho em tempo integral, dublando, gravando, gerenciando projetos em diversos país. O meu QG é o meu estúdio”, brinca ele. Para Daniel, a familiaridade construída com as pessoas é uma das grandes vantagens da profissão. “Existe isso da gente ser o famoso desconhecido, das pessoas dizerem que conhecem a gente de algum lugar, sem saber de onde. É gostoso a gente estar na vida das pessoas”. Outra característica que considera divertida no trabalho é o leque de oportunidades. “É sempre muito dinâmico, a gente nunca faz a mesma coisa. Eu particularmente trabalho com materiais de diversos nichos, desde cursos de técnicas de vendas até, por exemplo, gravando a voz de um coala em um comercial. É sempre muito divertido”. Daniel Dazzini, dublador brasileiro indicado ao 'Oscar da Voz' nos EUA Também com passagem pelo teatro, ele relembra a trajetória de vida e de profissão. "Um belo dia, resolvi pedir demissão do meu emprego, de balconista de uma loja de informática e decidi viver como locutor. Eu não tinha nada. Peguei o dinheiro do meu acerto, investi no microfonezinho, num estúdio bem improvisado com uma caixa de isopor e umas espumas. À medida que eu ia prospectando clientes, mostrando meu trabalho, ia ganhando dinheiro e investindo em cursos e equipamentos. Me especializei em mostrar meu trabalho na internet e trabalhar com o mercado internacional e, com isso, o trabalho foi aumentando". Para ele, estar em Los Angeles para o Voice Arts Awards já é um prêmio à parte: "Tá aqui com a comunidade de atores de voz, não só dos Estados Unidos, mas do Japão, da Europa, da África, está sendo uma grande imersão. Sendo sincero, nem consegui me imaginar na noite de gala. A sensação de estar entre os melhores do mundo no que você faz é difícil descrever. É um sentimento de gratidão", emociona-se. "Quando eu comecei, foi muito suado e difícil. Minha filosofia era me perguntar o que eu podia fazer para melhorar a qualidade do meu trabalho. Sempre mantido como um valor meu, para que um dia o meu trabalho fosse tão bom e reconhecido por ser bom que eu não ia ter que ficar procurando todo dia trabalho. Então, tá aqui é o reconhecimento maior de que eu estava certo. Só agradeço, agradeço, agradeço". SOVAS Voice Arts Awards Neste ano, o SOVAS Voice Arts Awards cobrirá mais de 150 categorias, desde vozes para animação cinematográfica e publicidade a audiolivros, dublagem e áudio descrição. Os finalistas brasileiros concorrendo em categorias de língua portuguesa e também em categorias internacionais e de língua inglesa são: Adriano Barbosa, Andressa Mello, Carolla Parmejano, Carol Lapolli, Daniel Dazzini, Eduardo Muniz, Marconi de Morais, Raquel Marinho, Simone Kliass, Susie Valerio e Vera Bonilha. Todos os anos, o prêmio também homenageia três Atores de Voz por seu trabalho na indústria. Viola Davis será homenageada com o Prêmio Muhammad Ali Voice of Humanity Honor. A brasileira Mabel Cézar será homenageada com o prêmio Voice Arts Apex e Eugenio Derbez receberá o Prêmio de Voiceover Icon. 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