Elon Musk e Twitter: a cronologia da negociação até a desistência da compra da rede social
Fique por dentro de todas as notícias pelo nosso grupo do WhatsApp!
Menos de três meses após anunciar acordo, bilionário comunicou seu recuo nesta sexta-feira (8), alegando que a plataforma descumpriu os termos. Twitter promete batalha judicial. Elon Musk
Reuters Nem três meses se passaram entre o estrondoso anúncio de compra do Twitter e a desistência por parte de Elon Musk, divulgada nesta sexta-feira (8). Apesar de curto, esse espaço de tempo foi um período bastante conturbado, em que o interessado na rede social foi dos planos mirabolantes para ela a acusações de que a plataforma divulgou dados falsos sobre contas spam e violou o acordo entre eles. Também nesse intervalo o homem mais rico do mundo foi processado por acionistas que viam no "fogo amigo" dos questionamentos de Musk uma forma de ele reduzir o valor de mercado da plataforma pela qual ofereceu US$ 44 bilhões. LEIA TAMBÉM: Filha de Elon Musk pede para mudar de nome para cortar relação com o pai bilionário Site diz que Elon Musk se tornou pai de mais 2 crianças em 2021; bilionário já tinha 7 filhos Diretora de romances adultos e fundadora de startup: quem é Tosca Musk, a irmã do bilionário Veja abaixo a cronologia da negociação à desistência. Março de 2022: Musk e a liberdade de expressão Respondendo a um seguidor no Twitter, rede onde ele tem 80 milhões de seguidores, Musk afirma que cogita criar uma rede social para promover "liberdade de expressão" na internet. O executivo faz também uma série de enquetes em seu perfil sobre o papel do Twitter como uma "arena" que deveria permitir opiniões divergentes. Nesse momento, o bilionário já havia comprado ações da empresa, mas a notícia só seria divulgada semanas depois. 1º de abril: botão editar O perfil oficial do Twitter apontou que a rede social estava criando um recurso para editar tuítes. A postagem foi tomada como uma brincadeira do Dia da Mentira, mas a informação de que a companhia estuda como adicionar a função foi confirmada dias depois, inclusive, por Musk. Twitter diz que trabalha em recurso de editar tuítes Divulgação/Twitter 4 de abril: Elon Musk, acionista O fundador da Tesla se torna o maior acionista individual da rede social, com 9,2% das ações da companhia. 5 de abril: Indicação ao conselho da empresa Musk é apontado como membro do conselho de diretores do Twitter um dia após divulgar sua participação na empresa. O magnata respondeu um post do CEO da rede social, Parag Agrawal, prometendo "melhorias significativas" para a plataforma. 10 de abril: Elon Musk desiste do conselho No dia em que sua avaliação seria considerada para o conselho do Twitter, o magnata desiste de ter uma cadeira no grupo que lidera a rede social. 14 de abril: Musk faz uma oferta O bilionário faz uma proposta para adquirir completamente o Twitter por mais de US$ 44 bilhões, segundo um documento regulatório da rede social. O conselho da companhia disse que avaliaria a oferta. Elon Musk e o Twitter: Uma relação antiga e polêmica 15 de abril: Musk diz ter 'plano B' e não quer dinheiro Um dia depois de sua oferta, Elon Musk diz em uma entrevista que tem um "plano B" caso não consiga comprar o Twitter. Ele alega que "fazer dinheiro" com a rede social não está no centro da negociação e disse que a plataforma é arena importante para a liberdade de expressão no mundo. Na mesma entrevista, ele disse que eliminar bots e contas falsas seria uma de suas prioridades ao assumir a rede social. Bots ou robôs são contas controladas por um programa de computador que pode fazer todas as ações de um usuário comum: curtir conteúdos, seguir outros usuários, publicar e retuitar postagens. 21 de abril: US$ 21 bilhões 'do bolso' para compra Elon Musk afirma em um documento apresentado à SEC (a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) que conseguiu quase US$ 46,5 bilhões para financiar a operação. O bilionário diz que pretende destinar US$ 21 bilhões de sua fortuna para comprar Twitter e que o valor restante será conseguido por meio de dois empréstimos com o banco Morgan Stanley, um de US$ 13 bilhões e outro de US$ 12,5 bilhões. 25 de abril: Musk chega a acordo para comprar Twitter O Twitter anuncia que fechou um acordo definitivo para ser comprado por Musk. A transação é estimada em US$ 44 bilhões. Com a compra, o Twitter se tornará uma companhia de capital fechado, ou seja, deixará de negociar ações na bolsa. É dito ainda que o acionistas vão receber US$ 54,20 por cada ação comum, o que significa um prêmio de 38% sobre o preço dos papéis em 1º de abril. ANÁLISE: O que pode mudar no Twitter na "era Musk" 29 de abril: Musk quer cortar salários A imprensa dos Estados Unidos destaca que Musk poderia reduzir os salários dos executivos e do conselho da empresa de mídia social. Esse teria sido um dos argumentos usados para convencer os banqueiros a emprestarem o dinheiro para a compra do Twitter. Segundo a Reuters, pessoas "familiarizadas com o assunto" informaram que o magnata chegou a falar que poderia reduzir os salários dos executivos e do conselho da empresa de mídia social, em um esforço para tirar custos da rede social, e desenvolveria novas maneiras de monetizar tuítes. 2 de maio: Twitter dá número de contas falsas O Twitter estima que menos de 5% de sua base de usuários é formada por contas falsas ou voltadas para publicar spam. A informação foi apresentada no relatório de resultados trimestrais da companhia. Segundo o documento, a rede social tem 229 milhões de usuários ativos. Segundo Musk, o Twitter ainda precisa apresentar números que comprovem essa informação. 6 de maio: acionistas contestam a compra Um fundo de pensão da Flórida processa o bilionário e a rede social argumentando que Musk tinha acordos com outros grandes acionistas, incluindo seu consultor financeiro Morgan Stanley e o criador da plataforma, Jack Dorsey, para apoiar a compra Por isso, a compra não pode ser concluída antes de 2025. 10 de maio: Musk fala sobre a volta de Trump Em uma conferência, Elon Musk diz que voltaria atrás na suspensão do ex-presidente americano, Donald Trump, do Twitter. "Eu reverteria a suspensão permanente [de Trump]", afirma Musk em evento do Financial Times. O magnata diz que ele e Jack Dorsey, cofundador do Twitter, concordam que não deve haver banimentos permanentes na rede social. 12 de maio:Twitter demite dois executivos O Twitter comunica a demissão dos chefes das áreas de consumo e receitas. A empresa também anuncia uma pausa nas contratações e uma revisão nas vagas em aberto, segundo a agência de notícias Reuters. VEJA TAMBÉM: Quem é Elon Musk Elon Musk e quatro filhos se encontram com Papa Francisco no Vaticano: 'Honrado' 12 de maio: Dorsey não quer voltar Respondendo a um seguidor no Twitter, o cofundador e ex-CEO da rede social, Jack Dorsey afirma que nunca mais quer ser CEO da plataforma. Antes de Elon Musk comprar ações, Dorsey era o maior acionista individual da companhia e membro de seu conselho de administração. 13 de maio: Musk suspende a compra por horas "O acordo (para a compra) do Twitter está temporariamente suspenso por pendências em detalhes que sustentam que contas falsas de fato representam menos de 5% dos usuários", afirma o empresário em um post na rede social. Depois do anúncio, as ações do Twitter caíram em torno de 20% nas negociações prévias à abertura da Bolsa de Wall Street, segundo a France Presse. Horas depois, Musk volta a tuitar que segue "comprometido com a compra" da rede social. 14 de maio: Musk quer contar os spams O bilionário anuncia que sua equipe fará uma análise com amostra com 100 perfis do Twitter para ver quantos são falsos. 15 de maio: Musk diz que Twitter o acusa de violar confidencialidade Musk afirma nas redes sociais que a equipe jurídica do Twitter o acusou de violar um acordo de confidencialidade ao revelar que o tamanho da amostra para as verificações da plataforma sobre bots e contas falsas era de 100 perfis. Para a empresa, esse dado é interno e confidencial. 16 de maio: Emoji de cocô Musk usa um emoji de cocô para ironizar o presidente-executivo do Twitter, Parag Agrawal, sobre como é feita a estimativa de contas falsas na rede social. Elon Musk rebate Parag Agrawal, CEO do Twitter sobre métricas para contas falsas Reprodução/Twitter O presidente-executivo do Twitter aponta ainda que as estimativas sobre contas de spam estão bem abaixo dos 5% divulgados pela empresa, mas afirma que não pode revelar a projeção exata. Musk respondeu com o emoji e questiona: "Então, como os anunciantes sabem o que estão recebendo pelo seu dinheiro? Isso é fundamental para a saúde financeira do Twitter". 25 de maio - Sem vínculo com a Tesla O empresário diz que deixará de usar empréstimos que estariam vinculados às suas ações da montadora Tesla como garantia para financiar a compra do Twitter. De acordo com Musk, os US$ 6,25 bilhões (R$ 30 milhões, na cotação de 25 de maio) que seriam obtidos dessa forma virão de sua própria fortuna. 27 de maio - Musk é processado por acionistas do Twitter Acionistas do Twitter processam Elon Musk, acusando-o de manipular o mercado para ter uma redução de sua oferta de US$ 44 bilhões ou margem para negociar um desconto. Segundo a ação judicial, o bilionário tuitou e fez declarações com o objetivo de criar dúvidas sobre o negócio, o que vem agitando a rede social há semanas. 6 de junho - Musk ameaça desistir da compra e chama Twitter de negligente Em carta enviada ao Twitter, um representante do bilionário diz que a empresa se recusou a fornecer as informações que solicitou repetidamente desde 9 de maio de 2022 para facilitar a sua avaliação de contas falsas e de spam. "O Sr. Musk deixou claro que não acredita que as metodologias de teste negligentes da empresa sejam adequadas, então ele deve conduzir sua própria análise. Os dados que ele solicitou são necessários para isso", continua o documento. 8 de junho - Twitter poderá ceder mais dados Reportagem do jornal americano "Washington Post" informa que o conselho de administração do Twitter planeja apresentar mais dados internos ao bilionário para avançar no acordo de venda da rede social. O Twitter diz que planeja realizar uma votação de acionistas até o início de agosto sobre a venda da empresa. Veja mais: Musk usa emoji de cocô para ironizar chefe do Twiter em discussão sobre contas de spam Bill Gates: 'Não há necessidade de Elon Musk ser legal comigo', diz à BBC O que Elon Musk tem a ver com internet via satélite e monitoramento da Amazônia 21 de junho - Conselho recomenda venda O conselho do Twitter recomendou por unanimidade que os acionistas aprovem a proposta de venda de US$ 44 bilhões da empresa para Musk. "Se a fusão for concluída, você terá direito a receber US$ 54,20 em dinheiro, sem juros e sujeito a quaisquer impostos retidos na fonte aplicáveis, para cada ação de nossas ações ordinárias de sua propriedade (a menos que tenha exercido adequadamente seus direitos de retirada)", disse a rede social aos acionistas. 8 de julho - Musk desiste do acordo com o Twitter O bilionário informa em carta que desistiu o acordo de compra do Twitter. Em documento enviado à SEC, órgão americano equivalente à Comissão de Valores Mobiliários, ele afirmou que houve uma violação de várias disposições do acordo. "A análise preliminar dos consultores de Musk das informações fornecidas pelo Twitter até o momento faz com que ele acredite fortemente que a proteção de contas falsas e de spam incluídas na contagem de usuários relatada é muito superior a 5%", afirmam advogados do bilionário. O Twitter diz que a empresa vai recorrer à Justiça para fazer valer o negócio firmado com Musk.FONTE: G1 Globo