Em Juiz de Fora desde 2019, venezuelana vive em construção de madeira e sonha com casa própria

25 jun 2023
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Estrutura montada com 3 mil tábuas, ainda sem água, luz e banheiro, abriga Nohemí e a filha Nairobis na Zona Norte da cidade. Mãe e filha, venezuelas Nohemí e Nairobis moram Juiz de Fora desde 2019

TV Integração/Reprodução

Há cinco anos, a venezuelana Nohemí Devera cruzava a fronteira, deixaria para trás a instabilidade política e econômica do país de origem e chegava ao Brasil em busca de vida nova. Familiares, pertences e todo um passado construído na terra natal passavam a dar lugar à esperança por dias melhores.

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Após passagem por Boa Vista, Roraima, logo na divisa entre Brasil e Venezuela, a refugiada teria outros 5 mil quilômetros pela frente até chegar em Juiz de Fora, em busca de novas oportunidades de trabalho, de assistência à filha Nairobis, com deficiência auditiva, e de dignidade humana.

De faxina em faxina, a ex-comerciante, dona de uma mercearia, ainda está longe de ter garantido as condições mínimas de sobrevivência e, dia a dia, segue na dura realidade de imigrante.

Atualmente, mora em uma casa construída de madeira, sem água, luz e banheiro, no Residencial Miguel Marinho, na Zona Norte da cidade.

Faxinas como fonte de renda

Ao chegar em Juiz de Fora, Nohemí e Nairobis foram acolhidas pela Associação dos Amigos de Juiz de Fora (Aban).

Com dinheiro de faxinas, venezuela Nohemí sonha em terminar construção da casa em terreno na Zona Norte de Juiz de Fora

TV Integração/Reprodução

Além de moradia na instituição, Nohemí passou a trabalhar em um projeto de reciclagem de óleo, obtendo assim as primeiras quantias em moeda brasileira a partir do esforço do próprio trabalho.

A busca por emprego é justamente a situação de maior dificuldade.

“É muito duro, muito difícil achar trabalho".

No caso dela, a situação é agravada pela necessidade de atenção à Nairobis, que, devido à deficiência, não fica sozinha. Segundo a diarista, o ir e vir com a filha às faxinas muitas vezes não é possível. Em algumas vezes, as contratantes também não aceitam a presença dela durante o trabalho.

Em alguns dias, a saída de casa é ainda pela madrugada, por volta das 5h, e o retorno após às 18h.

O sonho da casa própria

Com as faxinas e com algumas doações, Nohemí conseguiu adquirir um terreno no Residencial Miguel Marinho e 3 mil tábuas para erguer as paredes de uma estrutura improvisada.

Venezuelas Nohemí e Nairobis vivem em construção feita de madeiras em Juiz de Fora

TV Integração/Reprodução

“Fui juntando e com sacrifício terminei de pagar. Não comi muito bem”, revela. “Um vizinho me ajudou e construiu. Aqui eu não pago aluguel e com R$ 500, R$ 600, compro material para construir minha casa. Não tenho medo de bicho, de cobra, Deus afasta tudo daqui”, diz.

“Estou aqui na minha casinha, não tem água, não tem banheiro, não tem energia, mas eu sou feliz aqui”.

Para dar andamento à construção, uma vaquinha on-line foi montada para que a venezuelana consiga dar andamento à obra.

“Quero uma casinha decente, simples, sem problemas com a Prefeitura, que não vá parar a obra”, planeja ela, que também busca ajuda de voluntários para execução dos trabalhos, inclusive no projeto de arquitetura que permite levantar a construção.

Levantamentos

Segundo um levantamento do Comitê Nacional para Refugiados (Conare) e da Acnur, agência da ONU, o Brasil tem 65.811 mil pessoas reconhecidas como refugiadas. Em abril, a nacionalidade que mais solicitou o reconhecimento da condição de refugiado foi a venezuelana, com 2.227 pedidos.

Já dados da Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura de Juiz de Fora indica que cerca de 800 venezuelanos vivem na cidade. Há, no entanto, estimativa que o número seja maior, já que muitos não estão legalizados.

Se somadas todas as nacionalidades, são quase 3.000 imigrantes e refugiados no município.

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FONTE: G1 Globo

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