Empresa dona de submarino demitiu especialista que alertou sobre segurança

21 jun 2023
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Um especialista em submarinos que trabalhou para a OceanGate – a empresa que opera o submersível desaparecido – alertou sobre possíveis problemas de segurança em 2018, de acordo com documentos judiciais dos EUA.

David Lochridge mudou-se da Escócia para o Estado americano de Washington para trabalhar para a empresa. Em entrevista à BBC em 2017, ele estava entusiasmado com a missão.

Mas, menos de um ano depois, ele alertou seus chefes de que falhas no casco de fibra de carbono do Titan poderiam passar despercebidas sem testes mais rigorosos e recomendou que a empresa contratasse uma agência externa para certificar a embarcação.

Ele disse que seus avisos verbais foram ignorados até que ele escreveu um relatório e foi chamado para uma reunião com vários funcionários — incluindo o executivo-chefe da OceanGate, Stockton Rush, que está a bordo do submersível desaparecido.

A OceanGate demitiu Lochridge. A empresa o processou por revelar informações confidenciais. Já o especialista em submarinos processou a empresa por demissão sem justa causa. As duas partes chegaram a um acordo.

Lochridge não está dando entrevistas neste momento, segundo seu advogado.

Os documentos do tribunal afirmam que Lochridge descobriu que os fabricantes da janela frontal do Titan apenas o certificaram a uma profundidade de 1,3 mil metros. Os restos do Titanic estão 3,8 mil metros abaixo da superfície do oceano.

Em 2018, especialistas da Marine Technology Society escreveram para Stockton Rush, o executivo-chefe da OceanGate, expressando "preocupação unânime" com o Titan.

Na carta revelada pelo jornal americano The New York Times, seus autores alertaram sobre possíveis problemas "catastróficos" com seu design.

Eles também disseram que a OceanGate estava fazendo afirmações "enganosas" sobre seu design exceder os padrões de segurança da indústria.

“É nossa opinião unânime que este processo de validação por terceiros é um componente crítico nas salvaguardas que protegem todos os ocupantes submersíveis”, dizia a carta.

O NYT disse que a OceanGate se recusou a comentar a carta.

A Marine Technology Society é uma comunidade de engenheiros oceânicos, tecnólogos, formuladores de políticas e educadores que promovem a conscientização e a aplicação da tecnologia marítima.

Stockton Rush também conversou com a BBC em 2017.

Rush disse na época que uma viagem para explorar o Titanic por oito dias custaria US$ 105 mil (R$ 500 mil). Foi a primeira vez que uma viagem tão profunda foi aberta a turistas.

Agora, a expedição custa US$ 250 mil (R$ 1,2 milhão) por pessoa para percorrer cerca de 645 km no Atlântico até o local dos destroços.

Rush disse que sempre quis ser astronauta, mas depois de se formar no setor aeroespacial e trabalhar como engenheiro no programa de caças dos Estados Unidos, foi informado de que um problema de visão não permitiria que ele fosse um piloto da força aérea.

Como mergulhador entusiasta, ele decidiu lançar viagens com submersíveis a profundidades que antes eram restritas a submarinos do governo.

Entre os clientes que já usaram o submersível da OceanGate estão alpinistas do Everest, arqueólogos náuticos e cineastas. Ele também recebeu viajantes de diversas idades — que vão de 12 a 92.

Equipes de resgate estão em uma corrida contra o tempo para encontrar um submarino turístico que tinha como objetivo visitar os destroços do Titanic — mas que está desaparecido desde domingo (18), com cinco pessoas a bordo.

Nota: Apesar da definição genérica de submarino se aplicar também a embarcações submersíveis do tipo do Titan, tecnicamente falando uma embarcação submersível difere de um submarino pela sua capacidade autônoma de deslocamento. Segundo a National Oceanic and Atmospheric Administration, do Reino Unido, submarino é uma embarcação com capacidade de navegar no oceano por si mesma a partir de um porto de origem, enquanto um submersível possui reservas limitadas de energia tendo que ser transportado ao local de imersão por um outro veículo que se encarrega do lançamento e resgate do veículo.


FONTE: Estado de Minas


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