Envolvidos em construção de imóveis, militar, esposa dele e engenheiro são indiciados por estelionato e associação criminosa

25 jul 2023
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Segundo a Polícia Civil, eles celebravam contratos para a construção de imóveis, mas não honravam os prazos prometidos. Em alguns casos, as obras não foram nem iniciadas. Entre as vítimas estão colegas de serviço do PM e uma delegada, o prejuízo causado é estimado em R$ 600 mil Polícia Civil indiciou três pessoas por estelionato no ramo da construção civil

Um policial militar, a esposa dele e um engenheiro foram indiciados pelos crimes de estelionato e associação criminosa em Montes Claros.

Segundo as informações da Polícia Civil, eles celebravam contratos para a construção de imóveis, mas não honravam os prazos prometidos. Em alguns casos, as obras não foram nem iniciadas. Entre as vítimas estão colegas de serviço do PM e uma delegada, o prejuízo causado é estimado em R$ 600 mil (veja o posicionamento dos envolvido no fim da matéria).

“Durante as diligências e análises de documentos foi possível concluir que o casal investigado agia de má-fé quando angariava novos clientes, fechando contratos atuais, sem honrar os que já haviam assumidos, cujas obras estavam em claro atraso”, destacou a PCMG por meio de nota.

Segundo os levantamentos, a primeira vítima que firmou contrato com a empresa, em 2020, ainda não recebeu o imóvel. Com o sonho de ter a casa própria, Ana Paula Paixão e o marido, que também é da PM, assinaram com os investigados em 2021.

“Como eu vou desconfiar de um PM? Porque afinal de contas foi ele que ofereceu pra gente, não só pra gente, mas para as outras famílias. Você nunca vai desconfiar que um policial militar vai fazer isso...”, falou a jornalista.

Após fazerem reuniões com o policial, e com a mulher dele, que se apresenta como dona da construtora, Ana e o esposo assumiram um financiamento de R$ 279 mil.

“O meu gatilho veio na hora que ela começou a me mandar mensagens falando que o dinheiro não ia dar mais, que ela ia precisar de mais dinheiro. Eu comecei a questionar e bater na tecla que ela ia ter que arcar com o contrato, aí ela começou a dar mais espaço de tempo para terminar a obra, nisso já vai para dois anos”, contou a jornalista.

Sobre o envolvimento do engenheiro indiciado, a PCMG detalhou que nos "contratos de financiamentos celebrados entre as vítimas e a Caixa Econômica Federal os investigados inseriram laudos de vistorias falsos elaborados por um engenheiro contratado por eles. Com estes documentos, eles atestaram os progressos das obras, e assim, conseguiram receber novos valores da instituição financeira."

“O engenheiro era o responsável pela obra e tinha obrigação de encaminhar as avaliações da evolução da obra, que eram encaminhadas para a Caixa e que fazia a liberação dos valores conforme andava a obra. Algumas dessas avaliações feitas pelo engenheiro, não condizem com a realidade da obra”, completou o advogado Leonardo Santamaria, que representa Ana Paula e outras vítimas.

No caso de Ana Paula, consta no aplicativo da Caixa que a obra está 77,02% concluída, mas um profissional contratado por ela diz que o percentual é outro, 55,49%.

Foto mostra imóvel de uma das vítimas

Arquivo pessoal

“Para que não ocorra esse tipo de fraude seria interessante um critério da Caixa para avaliar melhor se aquela obra está naquela evolução prometida pelo engenheiro”, ressaltou o advogado.

Zaquio Francisco Vieira Barbosa e a esposa Sabrina Gonçalves também assinaram contrato com a empresa em 2021.

“Sempre falavam que o serviço era de qualidade, me mostraram uma casa ao lado da deles, muito bonita. Sempre frisando que o serviço era de qualidade e que entregariam a casa no prazo máximo de até quatro meses", contou a biomédica.

Como o tempo foi passando e a obra não foi entregue, o casal decidiu terminar a construção com outros recursos.

Natália Rodrigues também é advogada de um sargento da PM e de uma delegada. Ela fala que o prejuízo dos clientes ultrapassa R$ 155 mil. Em um dos casos, o aplicativo da Caixa aponta que a obra está 94% concluída, mas o percentual é de 50,1%. Para não adiar ainda mais o sonho da casa própria, as vítimas fizeram empréstimos para dar andamento às construções.

“As vítimas confiaram nele inclusive para fazer pix para comprar parte de piso, parte hidráulica, porque os mesmos alegram que se comprassem no CNPJ seria mais em conta, as vítimas não sofreram golpe no que se refere só a mão de obra, mas no que se refere aos materiais da construção”, destacou.

“Além do prejuízo financeiro, tem o emocional, já perdi mais de 10 quilos com isso, eu só realmente queria estar morando na minha casa. Não vou esquecer o dia que apresentaram o loteamento para gente, eles falaram assim: Você vai passar o Natal na sua casa. Eu já estou indo para o terceiro Natal sem ter condições de estar na minha casa", lamentou Ana Paula Paixão.

Posicionamentos

Por telefone, o advogado do policial e da esposa dele disse que não teve acesso às conclusões da PCMG. O defensor afirmou que se irá se posicionar oportunamente.

A Polícia Militar informou que instaurou um processo administrativo disciplinar. Ao final desse processo, o policial militar pode ser exonerado da função pública se forem constatadas irregularidades.

Por telefone, o engenheiro afirmou que não iria se pronunciar sobre o indiciamento no momento.

A Caixa Econômica Federal também foi procurada, mas ainda não deu retorno.

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) destacou que após saber de investigação criminal contra um profissional da engenharia, vai encaminhar ofício à PCMG solicitando dados do inquérito.

Informou ainda que a conduta do profissional será avaliada pela Câmara Especializada de Engenharia Civil e que a construtora em questão atua irregularmente desde 2021, por isso foi autuada pelo Crea-MG.

Veja mais notícias da região em g1 Grande Minas.


FONTE: G1 Globo


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