EUA alerta para ‘retrocesso’ dos direitos humanos no mundo

20 mar 2023
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Os Estados Unidos alertaram para "um retrocesso" contínuo dos direitos humanos no mundo, em um relatório anual divulgado nesta segunda-feira (20), que aponta para Irã, China, Afeganistão e os governos de Nicarágua e Cuba.

Na Nicarágua, "o governo autoritário" de Daniel Ortega "continua fazendo presos políticos e mantendo os mesmos em condições carcerárias terríveis", afirmou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, em entrevista coletiva.

O relatório acusa o governo da Nicarágua de "não tomar medidas para identificar, investigar, processar ou punir os funcionários que cometeram abusos contra os direitos humanos, incluindo os responsáveis por 355 assassinatos e centenas de desaparecimentos" após os protestos de 2018. Ortega "fortaleceu a impunidade" para aqueles que violam os direitos humanos, se tiverem sido "leais" a ele, acrescenta.

Descrita como "Estado autoritário", Cuba também se saiu mal no relatório, cujo objetivo, segundo Blinken, "não é dar um sermão, nem constranger". Naquele país, "os tribunais proferiram sentenças de prisão draconianas contra centenas de pessoas por terem protestado contra seus direitos", denunciou o chefe da diplomacia americana. Washington constatou "abusos numerosos" na ilha caribenha, como "execuções ilegais ou arbitrárias, tortura e tratamento cruel" de dissidentes políticos e prisioneiros.

Em 11 de julho de 2021, milhares de pessoas saíram às ruas em centenas de localidades cubanas, em protestos que resultaram em um morto, dezenas de feridos e mais de mil detidos, segundo ONGs. De acordo com dados oficiais, 490 manifestantes foram condenados, alguns a até 25 anos de prisão.

- Aliados e rivais -

O relatório analisa a situação em quase 200 países e territórios e "aplica os mesmos padrões a todos, aos nossos aliados e parceiros e aos países com os quais temos divergências", ressaltou Blinken.

Em 2022, "continuamos vendo um retrocesso nas condições dos direitos humanos" em países de todas as regiões, lamentaram os Estados Unidos. Entre os maus alunos, está o Irã, cujo regime comete "abusos flagrantes e constantes" contra "seu próprio povo" após a morte, em setembro, da jovem Mahsa Amini, detida pela polícia da moral.

"Autoridades mataram centenas de manifestantes pacíficos, incluindo dezenas de crianças, e prenderam milhares arbitrariamente", denunciou Blinken, afirmando que é usada "tortura e violência de gênero contra os manifestantes presos".

No Afeganistão, de onde os Estados Unidos retiraram suas tropas em agosto de 2021, os talibãs "voltam a discriminar implacavelmente, reprimem mulheres e crianças", restringindo sua liberdade de movimento e o direito à educação e ao trabalho, protestou o secretário de Estado.

Os direitos humanos também "são erodidos ainda mais" em Mianmar, onde "o regime militar brutaliza" ativistas e líderes pró-democracia, afirmou Blinken.

A China costuma ser alvo de críticas dos Estados Unidos nesses relatórios. Desta vez, é acusada de "genocídio e crimes contra a humanidade" por sua repressão aos uigures, uma minoria da província de Xinjiang. Também é criticada a situação no Tibete e em Hong Kong.

- 'Crimes de guerra' -

A Rússia, que "lançou uma invasão em grande escala" contra a Ucrânia em fevereiro de 2022, cometeu "numerosos crimes de guerra e outros abusos e atrocidades", como "execuções sumárias, tortura, estupro, ataques indiscriminados e ataques dirigidos deliberadamente a civis e à infraestrutura civil", afirma o relatório.

Blinken também denunciou crimes de guerra na Etiópia cometidos por rebeldes e tropas etíopes e eritreias durante a guerra de dois anos encerrada por um acordo de paz fechado em novembro passado. "Muitas dessas ações não foram aleatórias ou um mero subproduto da guerra. Elas foram calculadas e deliberadas", afirmou.

O secretário manifestou que os Estados Unidos também deveriam fazer um mea-culpa: "Embora esse relatório mire em países de todo o mundo, sabemos que os Estados Unidos enfrentam seu próprio conjunto de desafios em matéria de de direitos humanos."


FONTE: Estado de Minas


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