EUA busca ampliar ‘vias seguras’ para migrantes, mas alerta para ilegais
Os Estados Unidos buscam ampliar "as vias seguras, ordenadas e legais" para a migração, afirmou nesta terça-feira (11), no Panamá, o secretário de Segurança Nacional Alejandro Mayorkas, ressaltando que aqueles que chegarem de forma ilegal irão sofrer as consequências, como a deportação.
Mayorkas teve uma reunião de trabalho com os chanceleres do Panamá, Janaina Tewaney, e da Colômbia, Álvaro Leyva, enquanto o número de migrantes irregulares em busca do sonho americano que cruzam a inóspita selva de Darién, entre Colômbia e Panamá, bate recorde.
"Aqueles que buscam vir para os Estados Unidos devem aproveitar as vias seguras, ordenadas e legais que lhes estamos apresentando", declarou Mayorkas após a reunião, que aconteceu na Cidade do Panamá.
"Os Estados Unidos aumentaram significativamente esses caminhos, assim como nossos parceiros, e buscamos seguir ampliando os mesmos, como alternativa à viagem perigosa que muitos empreendem", acrescentou.
Mayorkas advertiu, no entanto, que as pessoas que entrarem ilegalmente nos Estados Unidos continuarão enfrentando as consequências, entre elas a expulsão: "Continuamos aplicando nossas leis de imigração".
Cerca de 100.000 pessoas cruzaram neste ano a selva de Darién a caminho dos Estados Unidos, seis vezes mais do que no mesmo período do ano anterior, segundo dados fornecidos à AFP pelo Sistema Nacional de Migração do Panamá.
Em 2022, quase 250.000 migrantes cruzaram aquela floresta, uma fronteira natural de 266 km de extensão e 575.000 hectares de superfície, repleta de ameaças como animais selvagens, rios caudalosos e grupos criminosos.
- Foco humanitário -
Durante a reunião, Mayorkas e os dois chanceleres discutiram possíveis medidas para lidar com a migração irregular. Também foram analisadas possíveis "vias legais e flexíveis para os migrantes e refugiados, como alternativa à travessia por Darién", disse Janaina Tewaney.
O número de migrantes na floresta passou de 3.140 em 2013 para 100.000 nos primeiros 100 dias de 2023.
"Cada um dos países teve a oportunidade de apresentar suas preocupações e propostas para uma melhor gestão do fluxo de pessoas, com foco sempre humanitário e de segurança", assinalou Janaina. "Este encontro trilateral também é uma chamada de atenção para a colocação em prática de ações regionais", acrescentou a chanceler.
A maioria dos migrantes que atravessam Darién são venezuelanos, haitianos e equatorianos, embora também haja asiáticos, principalmente da China e Índia, e africanos, principalmente de Camarões e Somália.
- Sem precedentes -
Um total de 52 migrantes morreram em 2022 na selva de Darién, segundo cifras oficiais, mas as autoridades panamenhas desconhecem o número real, devido à dificuldade de acesso, à falta de denúncias e ao abandono dos corpos.
Os riscos acompanham os migrantes não apenas na floresta, mas também em todo o seu trajeto. Em 15 de fevereiro, 40 migrantes morreram quando um ônibus capotou no oeste do Panamá, e outros 40 morreram em 27 de março em um incêndio num centro de detenção em Ciudad Juárez, norte do México.
Estados Unidos, Colômbia e Panamá definiram meses atrás uma estratégia para conter o fluxo migratório pela floresta. Entre os pontos deste plano estão o aumento da segurança na fronteira para combater o tráfico de pessoas, e mais investimentos para aumentar o emprego e reduzir a pobreza com a ajuda de financiamento internacional.
"As mudanças climáticas e as consequências da pandemia de covid-19 levaram a um fluxo sem precedentes de pessoas vulneráveis em todo o mundo, inclusive em nosso hemisfério", ressaltou Alejandro Mayorkas.
FONTE: Estado de Minas