EUA suspende monitoramento de cultivo de coca na Colômbia
Os Estados Unidos vão suspender o monitoramento de cultivo de drogas na Colômbia e, pelo menos este ano, não publicarão o relatório correspondente aos hectares semeados em 2022, informou o Ministério da Justiça colombiano nesta terça-feira (11).
"É uma decisão da autoridade norte-americana que é neutra [...] eu tenho a informação de que este ano não será apresentado o relatório, não foi feito o monitoramento. Não sei se, no futuro, vão fazê-lo", disse o titular da pasta, Néstor Osuna, ao ser perguntado por jornalistas sobre o tema.
Citando fontes da Casa Branca, o jornal El Tiempo havia revelado anteriormente a suspensão do monitoramento de cultivos de droga no maior produtor de cocaína do mundo.
Segundo o meio local, o sistema de imagens de satélite que permitia determinar avanços ou retrocessos na luta contra as drogas era caro para os Estados Unidos e redundante, levando em conta que as Nações Unidas emitem um relatório similar a cada ano.
Também sugeriu que as autoridades americanas estão mais preocupadas com o consumo de fentanil do que de cocaína, quando 110.000 pessoas morreram no país em 2022 por overdose de drogas, a maioria dependentes deste opioide sintético.
O último relatório do Escritório de Política Nacional de Controle de Drogas (ONDCP) dos Estados Unidos, que costuma ser publicado nesta época do ano, revelou que a Colômbia tinha, em 2021, cerca de 234.000 hectares de folha de coca cultivados, em comparação com os 245.000 de 2020.
Segundo Osuna, a suspensão do monitoramento deve-se a "alguma mudança na organização institucional das agências que vinham fazendo isso, que não têm relação direta com um assunto internacional com Colômbia".
O presidente Gustavo Petro é um crítico ferrenho da "fracassada" guerra contra as drogas, apesar do apoio milionário americano.
O primeiro presidente de esquerda da história de Colômbia aposta em uma política menos repressiva em relação aos cultivadores e focada na prevenção do consumo e na apreensão de grandes carregamentos para América do Norte e Europa.
"A Colômbia e os Estados Unidos abordam o impacto negativo da economia das drogas ilegais a partir de um amplo espectro que compreende o dano causado pelo consumo e os vínculos do tráfico em sua totalidade", indicou a Presidência em um documento.
Assolada por mais de meio século de conflito armado, a Colômbia jamais conseguiu extinguir a violência financiada pelo tráfico de drogas, que já deixou mais de nove milhões de vítimas.
Segundo a ONU, em 2021, as plantações para a produção de cocaína ocupavam 204.000 hectares, um aumento de 43% em relação ao ano anterior, e a produção do entorpecente ficou em torno de 1.400 toneladas.
FONTE: Estado de Minas