Ex-diretor-adjunto do Presídio de Ibirité é indiciado por assédio sexual
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Ex-diretor-adjunto do Presídio de Ibirité, Valdeci Pereira Maciel foi indiciado por assédio e importunação sexual, perseguição e violência psicológica contra sete policiais penais da unidade prisional entre 2019 e 2022, informou nesta quinta-feira (21/9) a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). O ex-diretor-geral do presídio Pedro Ferrare Ferreira irá responder por omissão, pois, segundo a instituição policial, ele sabia dos crimes em curso e não adotou providências.
À reportagem do Estado de Minas, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MG) disse que um procedimento de investigação administrativa preliminar também foi concluído. Com isso, os ex-diretores serão submetidos a Processo Administrativo Disciplinar (PAD) pela corregedoria da secretaria. Ambos estão afastados dos cargos desde 25 de maio deste ano, quando a medida cautelar – solicitada em 4 de novembro de 2022 – foi deferida.
As investigações começaram depois que as vítimas realizaram denúncias na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), em Ibirité, na Grande BH. Conforme pontua a PCMG, o investigado utilizava-se do cargo para constranger as servidoras, “além de importuná-las com abraços impróprios e beijos, bem como persegui-las com menosprezo à condição de mulher, causando danos emocionais”.
Problemas emocionais e tentativa de suicídio
Segundo a advogada Fernanda Rodrigues Orly, representante de quatro das sete vítimas, desde a nomeação do diretor-adjunto, em 2019, elas viviam uma rotina de abusos, humilhações e constrangimentos. “Três servidoras estão afastadas por causa de problemas emocionais graves. Uma delas tentou se matar. Certa vez, ele disse que mulheres são dispensáveis para o sistema prisional e servem para fazer café e lavar louça, falas que marcaram as policiais penais”, denuncia, acrescentando que os comentários também eram feitos em relação à forma física das agentes.
“Em uma das ocasiões, ele tocou a campainha do presídio e, ao ser atendido pelas agentes, disse: ‘vim para a visita íntima. Qual das três vai para íntima comigo? Estou pagando R$ 20 mil’. Ele as ameaçava com a possibilidade de transferência de unidade caso se negassem a dar abraços e beijos quando fossem solicitados. Eram abraços tão apertados a ponto de elas sentirem a genitália. Algumas chegaram a ser penalizadas em procedimento administrativo porque se negaram a fazer café para ele”, diz Fernanda.
Ainda de acordo com a advogada, o caso foi recebido em 16 de junho na 70ª reunião ordinária da Comissão Nacional de Direitos Humanos.
O Estado de Minas entrou em contato com os citados na reportagem, mas não houve retorno até o fechamento desta publicação. O espaço segue aberto para manifestações.
FONTE: Estado de Minas