Ex-guerrilheiro colombiano pede a grupos armados ilegais que optem pelo diálogo
O ex-guerrilheiro colombiano Rodrigo Londoño pediu, nesta quinta-feira (13), aos atores armados ilegais de seu país que optem pelo diálogo, durante sua intervenção no Conselho de Segurança da ONU que analisou os acordos de paz da Colômbia.
"Hoje, mais do que nunca, somos conscientes das dificuldades para alcançar a paz", apesar de que "a via das armas e da confrontação só conduz ao desastre", lembrou o antigo guerrilheiro conhecido como "Timochenko", último líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Em sua mensagem, ele instou "todos os atores armados ilegais a não desperdiçarem a oportunidade que representa a audaciosa aposta da paz pelo caminho do diálogo".
Ao atribuir o atraso na implementação dos acordos assinados há mais de seis anos entre o governo colombiano e as Farc à "falta de vontade política" do governo conservador de Iván Duque (2018-2022), lembrou a mudança ocorrida com o presidente esquerdista e também ex-guerrilheiro Gustavo Petro, com seu "plano de paz total".
Londoño criticou que o Estado "nunca cumpriu seus compromissos de ocupar as regiões que as antigas Farc abandonaram após a entrega das armas, facilitando assim a ocupação dos territórios por grupos delinquentes".
"Deixamos as armas e nos tornamos partido político, temos contribuído com a verdade sobre inúmeros casos, implorado perdão repetidas vezes às vítimas, contribuído para a reparação e a não repetição de maneira decidida", lembrou ele neste fórum da ONU, que a cada três meses analisa os avanços dos acordos de paz no terreno, e que contou com a presença do chanceler colombiano, Álvaro Leyva Durán.
Ciente de que sem o apoio da comunidade internacional, os acordos de paz da Colômbia "poderiam ter fracassado", Londoño assegurou no fórum por videoconferência que "um respaldo de sua parte ao governo atual [...] terá efeitos multiplicadores muito superiores ao passado recente".
O Conselho de Segurança analisou o relatório trimestral elaborado pela Missão de Verificação na Colômbia para o secretário-geral da ONU, António Guterres.
"A inescapável realidade no terreno hoje na Colômbia é que a consolidação da paz depende tanto da implementação ampla do Acordo Final quanto da capacidade das autoridades para frear as manifestações de violência" que continuam ocorrendo no país, diz o relatório.
"Sigo tendo razões para o otimismo, apesar dos imensos desafios" que esses acordos enfrentam, conclui Guterres.
"Podem ter certeza de que a missão continuará acompanhando os ex-combatentes e suas famílias e monitorando os avanços em relação às medidas anunciadas", disse, por sua vez, o chefe da Missão, Carlos Ruiz Massieu.
E Londoño lembrou: "De todas as alternativas da humanidade, a pior é a guerra."
FONTE: Estado de Minas