Família não culpa amigos por estupro, mas cobra explicações de motorista

02 ago 2023
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A família da jovem de 22 anos, que foi estuprada por um homem de 47 anos, no último domingo (29), após ser abandonada no meio de uma rua no Bairro Santo André, Região Noroeste de Belo Horizonte, isentou de culpa os amigos que estavam com ela durante um evento de pagode no Mineirão, mas quer entender o que levou o motorista de aplicativo a abandonar a vítima durante a madrugada.
A jovem estava no evento musical no estádio e, logo após, foi para um bar com o grupo de amigos na Avenida Fleming, também na região da Pampulha. Ela teria ingerido uma grande quantidade de bebida alcoólica e os colegas chamaram um carro de aplicativo para levá-la para casa, já que o celular dela havia descarregado.
Nas redes sociais, os colegas que estavam com a jovem foram alvos de diversas críticas. A reportagem do Estado de Minas conversou com uma das irmãs da vítima, que optou por não se identificar. Ela isentou os amigos de qualquer culpa sobre o ocorrido. “Um dos amigos chegou a perguntar se ela queria dormir na casa dele. Eles estavam embriagados, não podemos julgar a atitude deles. Ele fez a parte dele, chamou para ir pra casa dele. Não podemos julgar a atitude do rapaz, ele tentou ajudar da melhor forma possível naquele momento. Era o que ele poderia fazer mesmo”, disse.

“Ele vai ter que responder”

Uma das principais peças do caso é o motorista de aplicativo que levou a vítima para a casa do irmão. O homem, que ainda não foi identificado, tocou o interfone várias vezes e não obteve resposta. Ele optou por abandonar a jovem no meio da rua. Os dispositivos do prédio não estavam funcionando no momento.
A irmã questionou a atitude do rapaz e espera entender o porquê que ele, ao menos, não a levou para um hospital. “Ele vai ter que responder o porque que a deixou ali, daquele jeito. A integridade dela era responsabilidade dele. Ele teve a oportunidade de não a colocar no carro dele, ele poderia recusar a corrida. Ele também poderia ter levado para um hospital, ele estava a 400 metros do Odilon Behrens. Lá é uma região extremamente perigosa e ele a simplesmente deixou lá. Ele sabe que ali é uma região muito perigosa. Ele a deixou à mercê de qualquer coisa naquele momento e foi o que aconteceu”, disse para a reportagem.
Nessa terça (1º), o Estado de Minas ouviu pessoas ligadas à investigação. Os investigadores entendem que houve uma sucessão de erros que culminaram no estupro da mulher. A sequência das diligências vão elucidar qual o nível de culpa que o motorista pode ter no crime ocorrido.
A 99, empresa na qual o motorista prestava serviços quando pegou a corrida com a jovem, emitiu um comunicado também nessa terça dizendo que o condutor foi suspenso da plataforma. “A 99 lamenta o ocorrido após a conclusão da corrida. A empresa esclarece que fez o bloqueio preventivo do motorista e que aguarda que a polícia esclareça fatos e responsabilidades, estando à disposição para colaborar com a investigação”, diz a nota.
 
 

Relembre o caso

 
  
No sábado (29/7), a jovem estava em um evento de pagode no Mineirão, na Região da Pampulha, quando, por volta das 2h, decidiu ir embora. A mulher teria ingerido grande quantidade de bebida alcoólica e, na volta do show, os amigos dela a colocaram, sozinha, em um carro de aplicativo e compartilharam a localização da viagem com o irmão dela.
Ela chega na casa do irmão por volta das 3h10. Após tocar o interfone algumas vezes e não conseguir contato, o motorista, com a ajuda de um motociclista que passava na rua, retira a jovem do carro e a deixa encostada em um poste enquanto fica mais alguns minutos tentando tocar o interfone, sem resposta. Às 3h16, a jovem, que estava sentada no passeio, cai deitada no chão. Alguns segundos depois, o motorista dá partida no carro e vai embora deixando a jovem desacordada no chão. O irmão teria dormido durante o tempo do trajeto.
A vítima foi encontrada desacordada e seminua no campo do Grêmio Mineiro. Ela foi encaminhada por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital Municipal Odilon Behrens, na Região Noroeste da capital, onde foi constatado o estupro.
O suspeito foi preso ainda no domingo. Nessa terça, ele passou por audiência de custódia e teve a prisão em flagrante convertida para preventiva. Ele está preso no presídio  Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, na Grande BH.

FONTE: Estado de Minas

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