‘Five night at Freddys’ acerta ao recriar suspense de game, mas apela para sustos fáceis; g1 já viu

26 out 2023
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Filme inspirado em jogo é da mesma produtora de 'M3gan' e da recente trilogia de 'Halloween'. Bonecos mecânicos do estúdio criador dos Muppets estão entre destaques do filme. A saga de adaptar games de sucesso para o cinema continua em Hollywood. Depois de levar jogos de aventura ("Uncharted") e de corrida ("Gran Turismo"), a aposta da vez é o game de terror "Five nights at Freddy's", popular entre pré-adolescentes desde o lançamento em 2014. A ideia aqui é se sair bem na bilheteria como aconteceu com "Super Mario Bros - O Filme".

"Five nights at Freddy's - O pesadelo sem fim" chega aos cinemas nesta quinta-feira (26). O filme é produzido por Jason Blum, o chefão da Blumhouse, de hits do terror atual como "M3gan", e a mais recente trilogia de "Halloween".

O filme ganha pontos por conseguir recriar o clima de tensão, bizarrice e suspense do game, mas falha em tentar apresentar boas cenas de terror, por causa de sustos fáceis.

Assista ao trailer do filme "Five nights at Freddy's - O pesadelo sem fim"

A trama é centrada em Mike Schmidt (Josh Hutcherson, de "Jogos Vorazes"), um jovem que faz o possível para criar a irmã pequena Abby (Piper Rubio), após a morte da mãe e do abandono do pai. Desempregado, aceita uma proposta de Steve Raglan (Matthew Lillard, o Salsicha de "Scooby Doo") para trabalhar por cinco noites como vigia noturno da Pizzaria Freddy Fazbear. O lugar está fechado há anos por causa de misteriosos desaparecimentos de crianças.

Na primeira noite de trabalho, Mike descobre que há algo errado, porque o local começa a funcionar sozinho, em especial os bonecos robóticos, usados para entreter o público. Aos poucos, com a ajuda da policial Vanessa (Elizabeth Lail), o rapaz começa a entender o que aconteceu no passado do recinto.

Para piorar, por não ter ninguém para cuidar de Abby, ele acaba levando a menina para a pizzaria, que se diverte com seus novos amigos. Mike percebe que as criaturas têm outras intenções com sua irmã e que terá que agir a tempo para impedir que o pior aconteça com a garota.

Bichinhos sinistros

Animais-robôs sinistros são o destaque do filme 'Five nights at Freddy's - O pesadelo sem fim'

Divulgação

O principal destaque de "Five nights at Freddy's - O pesadelo sem fim" é mesmo o grupo de animais robóticos sinistros que aterrorizam quem entra na pizzaria onde se passa boa parte da história. Todos ficaram com visuais bastante fiéis aos personagens do jogo original, com design soturno e desgastado com o passar do tempo, dando ar de decadência e mistério.

O mérito é da equipe de animadores, que fazem parte do Jim Henson Studio, conhecido por ter criado os Muppetts e personagens de "O Cristal Encantado" e da "Família Dinossauros". Freddy (um urso), Chica (uma ave), Cupcake (um doce) e Bonnie (uma coelha) convencem bem mais em cena por se parecerem mais "reais" do que se fossem feitas por computação gráfica.

O único porém é que, em alguns momentos, os animatrônicos não possuem agilidade. Em cenas mais tensas, a pouca mobilidade compromete o impacto do que está sendo filmado. Tudo isso é compensado pela sensação de desconforto que os personagens criam com a mistura de fofura e imprevisibilidade.

Isso não é um jogo

Abby (Piper Rubio) e o urso Freddy (de costas) numa cena de 'Five nights at Freddy's - O pesadelo sem fim'

Divulgação

Os maiores problemas de "Five nights at Freddy's" estão em dois pontos que não poderiam falhar numa produção que busca conquistar um público que nunca botou os olhos no jogo em que o filme se inspirou: a direção e, especialmente, o roteiro.

A pouco conhecida diretora Emma Tammi busca não criar cenas muito chocantes, porque o projeto é voltado para o público infanto-juvenil. Sem querer assustar os mais jovens, desiste de desenvolver os elementos de terror. A aposta é nos famigerados "jump scares": os sustos fáceis e até previsíveis.

Mike (Josh Hutcherson) tenta proteger a irmã Abby (Piper Rubio) de uma misteriosa ameaça de 'Five night at Freddy's - O pesadelo sem fim'

Divulgação

Além disso, a cineasta nunca consegue realizar algum momento que seja memorável no filme. Fica a impressão que Tammi e sua equipe acreditam que basta a utilização de elementos bem identificáveis para os fãs dos jogos que a "partida" já estaria ganha para os espectadores.

Mas eles se esquecem que o que funciona nos games, na maioria dos casos não tem o mesmo efeito quando o assunto é cinema.

Scott Cawthon, autor do jogo original, é um dos responsáveis pelo roteiro, mas mesmo assim a trama tem alguns "burracos". O enredo perde muito tempo com um trauma de infância do protagonista que, no final das contas, parece estar ali para "encher linguiça". Além disso, o texto não explica bem a ligação entre Abby e os bichos-robôs. As reviravoltas também são aquém do que se espera.

Se o filme fosse mais concentrado no ataque dos animais robóticos dentro da pizzaria abandonada, dando um clima mais claustrofóbico com os protagonistas tentando fugir do local, seria mais interessante. Do jeito que ficou, é possível que só os fãs do game fechem os olhos para os problemas do longa e curtam o resultado.

Humanos pouco interessantes

Elizabeth Lail e Josh Hutcherson numa cena de 'Five Night at Freddy's - O pesadelo sem fim'

Divulgação

No elenco, as atuações não se destacam. Apenas Josh Hutcherson faz o possível para tornar seu Mike Schmidt mais interessante. A menina Piper Rubio é simpática, mas não sai dos clichês da criança-prodígio, porém problemática.

Elizabeth Lail até faz uma boa parceria com Hutcherson. Já Matthew Lillard continua a fazer suas habituais caras e bocas que já funcionaram melhor em outros trabalhos, como o primeiro "Pânico", de 1996. Há ainda a sumida Mary Stuart Masterson, de filmes como "Tomates verdes fritos" (1996). Ela acaba desperdiçada como Jane, uma tia de Mike cheia de más intenções de olho na guarda de Abby.

"Five night at Freddy's - O pesadelo sem fim" poderia ser uma boa adaptação de games e um dos filmes de terror mais curiosos do ano. É uma pena que tenha desperdiçado a oportunidade de fazer algo mais interessante.

No final, provavelmente ninguém vai sair impressionado ou assustado do cinema com os bichos-robôs amaldiçoados. Talvez em mãos melhores, a experiência ficasse mais aterrorizante e (por que não?) mais divertida.

Matthew Lillard interpreta o misterioso Steve Raglan em 'Five Nights at Freddy's - O pesadelo sem fim'

Divulgação


FONTE: G1 Globo


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