Frágil tranquilidade no Chipre após incidente na zona-tampão da ONU
Uma frágil tranquilidade pairou sobre a zona-tampão do Chipre nesta segunda-feira (21), após a ONU acusar, na sexta-feira, as forças turco-cipriotas de ferirem vários Capacetes Azuis que tentavam bloquear a construção de uma disputada estrada.
O incidente, um dos mais graves registrados nos últimos anos, provocou condenações internacionais.
As ações ocorreram em Pyla, a única cidade onde cipriotas turcos e gregos convivem, na linha verde monitorada pelas Nações Unidas que divide a ilha entre a República do Chipre, membro da União Europeia - que exerce sua autoridade no sul - e a autoproclamada República Turca do Chipre do Norte (RTCN), reconhecida apenas pela Turquia, que invadiu o terço norte da ilha em 1974.
"Tudo está calmo em Pyla", afirmou à AFP Aleem Siddique, porta-voz da Força de Manutenção de Paz da ONU no Chipre (Unficyp), nesta segunda-feira.
"A missão está pronta para bloquear qualquer retomada das obras", declarou ela, acrescentando que os Capacetes Azuis feridos já deixaram o hospital.
Vídeos divulgados nas redes sociais mostraram escavadeiras separando veículos da ONU, barreiras de concreto e arame farpado, enquanto um grupo de policiais cipriotas turcos empurrava os Capacetes Azuis.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, denunciou as ações "inaceitáveis" e que "poderiam constituir graves crimes contra o direito internacional", disse seu porta-voz em um comunicado, que também foi corroborado pela República do Chipre, UE, EUA, França e Reino Unido.
Os esforços para reunificar a ilha dividida estão estagnados desde o fracasso da última rodada de negociações apoiadas pela ONU em 2017. As autoridades da RTCN, por sua vez, indicaram que o projeto visa facilitar os deslocamentos de sua população e rejeitaram as acusações "infundadas" da missão da entidade.
FONTE: Estado de Minas