França lança primeira campanha para alertar sobre incesto
A França lançou, nesta terça-feira (12), sua primeira campanha para alertar sobre o incesto, com anúncios nas redes sociais, nos meios de comunicação e nas salas de cinema.
Com a campanha, o governo espera acabar com um tabu que começou a ser rompido nos últimos anos.
"É a primeira vez que um governo usa a palavra 'incesto' em uma campanha, a primeira vez que fala desta violência sexual dentro da família", disse à AFP a secretária de Estado da Infância, Charlotte Caubel.
Segundo especialistas, cerca de 160 mil crianças são vítimas de violência sexual todos os anos em França.
"Um em cada dez adultos sofreu incesto, segundo as associações", afirma Caubel.
A campanha, que busca destacar que uma criança é abusada sexualmente a cada três minutos e expor esse trauma, foi uma recomendação da Comissão Independente sobre Incesto e Violências Sexuais contra Crianças (Ciivise, na sigla em francês), que desde 2021 investiga o alcance do incesto.
"É fundamental que, por meio desta campanha, o governo diga: 'O incesto existe' e 'é um problema público, e não privado'", disse à AFP o juiz Edouard Durand, copresidente da Ciivise.
O anúncio também será veiculado durante a transmissão da partida entre França e Namíbia, pela Copa do Mundo de Rúgbi, em 21 de setembro.
A última campanha governamental sobre abuso sexual de menores remonta a 2002 e não falava de incesto. Mas as denúncias dessas agressões no seio familiar ganharam terreno na França.
A publicação em 2021 do livro "La Familia Grande", de Camille Kouchner, no qual ela narra o incesto cometido por seu padrasto, o famoso cientista político Olivier Duhamel, contra seu irmão, abalou a França e quebrou o tabu.
O incesto também é tema de vários filmes e livros que serão lançados nos próximos meses na França, onde a atriz Emmanuelle Béart revelou, no início de setembro, que também foi vítima dessa agressão durante a infância.
A Ciivise deve apresentar seu relatório final de recomendações em 20 de novembro. Cerca de 60 personalidades já pediram ao governo a manutenção da comissão, que recebeu cerca de 25 mil testemunhos de incesto em dois anos de trabalho.
FONTE: Estado de Minas