Gerson King Combo, cantor que faria 80 anos em novembro, tem a realeza black dimensionada em filme
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Com estreia programada para 28 de agosto, o documentário historia a influência e o legado do artista que propagou orgulho negro na década de 1970 no rastro da explosão mundial de James Brown. Cartaz de 'Gerson King Combo – O filme'
Divulgação Resenha de documentário musical Título: Gerson King Combo – O filme Direção: David Obadia e Belisário França Direção de produção: Maurício Eiras Produção: Digi2 Filmes e Giro Filmes Cotação: ★ ★ ★ ★ ♪ Filme com estreia programada para 28 de agosto pelo canal Music Box Brazil com reprise agendada para 8 de setembro ♪ Gerson Rodrigues Côrtes (30 de novembro de 1943 – 22 de setembro de 2020) foi rei para garotos pretos do subúrbio por ter propagado orgulho negro nos repertórios dos álbuns que lançou em 1977 e 1978, ambos batizados com o nome artístico do cantor e compositor carioca, Gerson King Combo – nome escolhido em alusão à banda norte-americana King Curtis Combo, liderada pelo saxofonista norte-americano de soul King Curtis (1934 – 2018). Gerson faria 80 anos em 30 de novembro. Em 28 de agosto, três meses antes do 80º aniversário de nascimento do artista, o canal Music Box Brazil apresenta Gerson King Combo – O filme, documentário dirigido por David Obadia e Belisário França sobre a história e o legado do cantor que deu voz a Mandamentos black (Gerson King Combo, Pedrinho da Luz e Augusto Cesar, 1977), um hino do movimento negro brasileiro. O roteiro do filme intercala imagens de show de Gerson (e de tributo póstumo ao cantor), trechos de entrevista do artista para o filme e depoimentos de nomes como Alcione, Carlos Dafé, Da Ghama, Dom Filó, Elza Soares (1930 – 2022), Fernanda Abreu, Jair Oliveira, Lady Zu, Leci Brandão, Marcelo D2, Max de Castro, Mr. Catra (1968 – 2018), Rappin' Hood, Thaíde, William Magalhães, Wilson Simoninha e Zezé Motta. Por mais que as falas eventualmente soem repetitivas, elas reiteram a influência determinante de King Combo nas mentes de artistas que viram no cantor uma primeira referência positiva de negritude no Brasil, como ressalta Zezé Motta. Em entrevista para o filme, o artista assume a postura americanizada que fez muita gente identificar Gerson King Combo como uma tradução brasileira do cantor norte-americano James Brown (1933 – 2006), uma das vozes mais imponentes do movimento negro que agitou os Estados Unidos na década de 1960 na luta pela democracia racial. Gerson conta que dançou muito charleston e ouviu muito foxtrote. Mas o fato é que a realeza black de King Combo floresceu quando o artista apresentou o abrasivo mix de soul e funk, temperado com o samba-rock brazuca. Embora tenha sido nascido e criado em um dos celeiros do samba do Rio de Janeiro (RJ), Madureira, bairro carioca revisitado por Gerson com a equipe do filme em tour pelas casas onde morou e lugares que frequentou, o cantor logo absorveu a cultura norte-americana. “Menino bom, mas levado, que mexia com todo mundo que passava (na rua)”, nas memórias da irmã Diva Côrtes, Gerson cresceu e se formou artisticamente com a criação da cena black brasileira na segunda metade da década de 1960. Essa cena gerou o movimento Black Rio nos anos 1970 e, não por acaso, o cantor estourou em 1977, ano áureo do movimento e do primeiro álbum da Banda Black Rio. “(Era) música brasileira, MPB, mas com suingue soul, levada soul”, sintetiza Dom Filó. Esse suingue soul e, sobretudo, as palavras de união entre os brothers incomodaram a censura da época e provocaram perseguições aos artistas negros, como enfatizam no documentário nomes como Wilson Simoninha, DJ Marlboro e o radialista mineiro Misael Avelino. O filme também toca no ostracismo a que Gerson King Combo foi relegado após a fase áurea na segunda metade dos anos 1970. Nesse período fora dos holofotes, o artista se engajou em trabalhos sociais com pessoas doentes. “A vida me levou para esse outro lado. Eu aprendi, com essa idade toda, a conviver com o outro lado da vida que, além de pobreza, é a doença”, testemunha o cantor. Foi doença relacionada ao diabetes que calou a voz de Gerson King Combo aos 76 anos, em setembro de 2020, mas ficou vivo o legado do artista. “Gerson King Combo vive, revive e estará para sempre na música popular brasileira”, resume Rappin' Hood ao fim deste documentário que, sem preocupações didáticas, dimensiona corretamente o legado de Gerson King Combo, rei para diversas gerações.FONTE: G1 Globo