Governo talibã do Afeganistão ordena fechamento de salões de beleza
O governo do Talibã anunciou nesta terça-feira (4) que ordenou o fechamento de salões de beleza no Afeganistão dentro de um mês, uma nova medida para manter as mulheres fora da vida pública.
Desde que voltou ao poder em agosto de 2021, o Talibã excluiu as mulheres da maioria das escolas de ensino médio, universidades e do serviço público.
Elas também não podem trabalhar para a ONU e organizações internacionais, acessar parques, jardins, academias ou banheiros públicos, ou viajar sem estarem acompanhadas de um parente do sexo masculino. Também devem cobrir-se totalmente ao sair de casa.
A nova medida, mencionada há alguns dias nas redes sociais, foi confirmada à AFP por Mohammad Sadeq Akif Muhajir, porta-voz do Ministério da Prevenção do Vício e Promoção da Virtude.
O porta-voz não justificou a decisão. "Assim que forem fechados, anunciaremo os motivos à imprensa", declarou.
A medida deu um prazo de um mês para o fechamento, para que os salões esgotem seus estoques, explicou.
Segundo uma cópia do decreto consultado pela AFP, a decisão "baseia-se em uma instrução verbal do líder supremo" dos talibãs, Hibatullah Akhundzada.
Os salões de beleza proliferaram em Cabul e nas grandes cidades afegãs durante os 20 anos de ocupação pelas forças dos EUA e da Otan.
Esses locais eram vistos como um espaço seguro para mulheres se encontrarem sem a presença de homens e permitiam que muitas afegãs iniciassem seus próprios negócios.
Em um relatório apresentado ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas na semana passada, Richard Bennett, relator especial para o Afeganistão, disse que a situação das mulheres no país "é uma das piores do mundo".
"A discriminação grave, sistemática e institucionalizada de mulheres e meninas está no cerne da ideologia e do poder do Talibã", afirmou.
Hibatullah Akhundzada afirmou recentemente que as mulheres do país foram salvas da "opressão" graças aos talibãs e que fará de tudo para lhes garantir "uma vida confortável e próspera" de acordo com a lei islâmica.
FONTE: Estado de Minas