Grávida que teve perna amputada por acidente de moto compartilha ‘recomeço’
Aos 39 anos, a técnica em radioterapia Mariana Carvalho enfrenta dois momentos inéditos e distinto na vida. Enquanto aguarda a chegada de Maria, primeira filha, ela faz fisioterapia para aprender a viver sem uma das pernas. Moradora de Ipatinga, no Vale do Aço, Mariana sofreu um acidente de moto e teve o membro amputado. Enquanto enfrenta essa jornada difícil, ela compartilha as vitórias nas redes sociais, tais como ficar em pé novamente e o chá revelação da filha.
Há um ano, Mariana e o companheiro decidiram que era hora de terem um bebê, mas, por causa das dificuldades na concepção natural, o casal decidiu pela fertilização in vitro. Em 27 de junho, ela percebeu mudanças no corpo e fez um teste de farmácia, cujo resultado mostrou que estava grávida. No dia seguinte, Mariana fez um exame de sangue para não ter dúvidas.
Ela recebeu a confirmação definitiva da gestação por volta das 15h30, muito feliz com o resultado. Por volta das 19h, a técnica em radioterapia foi à academia, já que agora tinha que cuidar ainda mais da rotina de exercícios. Foi aí que tudo mudou. “Saindo da academia, estava de moto porque era um caminho muito tranquilo pra fazer, fui surpreendida por um carro saindo na contramão! Nada mais passava na minha cabeça, só a gestação. Fiquei em torno de 40 minutos no chão aguardando a chegada do SAMU! No momento que caí, vi a situação da minha perna. Eu sabia que ia perdê-la! Mas tinha esperança de estar errada”, conta ao Estado de Minas.
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No hospital, Mariana passou por exames e avaliação do cirurgião e do ortopedista, que a encaminharam para a sala de cirurgia, onde foi feita a amputação. Ainda muito preocupada com o bebê, ela foi submetida a teste que confirmou que a gestação continuava e, dias depois, pôde ouvir o coração do filho no ultrassom.
Ao todo, foram 15 dias internada. Nesse meio tempo, ela enfrentou um turbilhão de emoções. “Era um misto de sensações: medo do futuro, dores no membro fantasma! O que deixou esse período mais leve foram as visitas, e a surpresa que a equipe do meu trabalho fez pra mim no meu aniversário. Eles sabiam que eu gosto de comemorar a data e se preocuparam de não deixar a data passar em branco! Foi muito especial! A equipe que me recebeu no hospital, as enfermeiras, tudo foi preparado por Deus! Não tinha como ter sido melhor! Sei que a amputação foi necessária pq eu corria risco morte”, lembra.
Desafios diários
Sair do hospital foi o final de uma etapa para Mariana, mas ainda havia muito trabalho a ser feito. Além das dores, ela começou a fazer fisioterapia e também precisou de ajuda para fazer coisas básicas. “Este processo de adaptação é tudo novo, novas sensações! O reaprender é difícil! Sinto o coto (membro amputado) muito pesado, é como se formigasse o tempo todo e com umas sensações de choque! Mas, o mais difícil hoje, é estar 100% dependente das pessoas para fazer atividades básicas, como tomar banho! É uma rotina difícil”, aponta.
Para conquistar a independência, a jovem quer comprar uma prótese. Ela criou uma vaquinha virtual para conseguir o valor de R$ 26 mil - e atingiu a meta em poucos dias. “A vaquinha, graças a Deus, foi um sucesso! Usaremos o valor todo para compra da minha prótese que vai me permitir voltar com minha vida, fazer todas as atividades que eu gosto. Foi uma surpresa ver toda essa rede de amor e apoio à minha volta! Hoje me sinto abraçada pelo universo de ver que existem tantas pessoas boas dispostas a ajudar os outros”, declarou.
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Corredora amadora, Mariana encontrou na sua paixão uma força para enfrentar o momento atual: “Sou apaixonada por corrida e trilhas! Coloquei como meta de recuperação participar da Volta na Pampulha no próximo ano, junto com meu namorado e minha filha! Quero mostrar para as pessoas que tudo é possível quando a gente tem fé e determinação.
Enquanto isso, Mariana ainda pede mais controle sobre o trânsito e ações contra acidentes. “Até quando as autoridades de Ipatinga vão ficar acumulando corpos, acumulando membros de pessoas acidentadas? Até quando as nossas autoridades vão ficar em silêncio vendo esse caos acontecer todos os dias?”, questiona. Ela também ressalta a falta de fiscalização, poucos profissionais de saúde e ambulâncias sucateadas como fatores que favorecem os acidentes graves.
Chegada de Maria
No último fim de semana, Mariana e o companheiro fizeram o chá revelação e descobriram que o bebê que eles esperam é uma menina. E já tem nome: Maria.
Mariana está no fim do primeiro trimestre de gestação e, por isso, ainda se sente insegura de que algo pode dar errado. Ela também espera conseguir se dedicar mais à preparação para a chegada de Maria. “Ainda não tivemos tempo de preparar nada porque os dias têm sido corrido, terapias e consultas! Em breve, vamos começar o enxoval da nossa Maria! Ainda vivemos na insegurança por não ter fechado o primeiro trimestre. Depois disso, acredito que Deus vai acalmar nosso coração”, confessa.
FONTE: Estado de Minas