Grupo de amigos tira poeira de armamentos antigos no leste da Ucrânia

22 mar 2023
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O mais antigo é o canhão. Os seis amigos, cujas idades giram em torno dos 50 anos, o consertaram e cuidam dele "como irmãos", para destruir posições russas no leste da Ucrânia.

"Os canhões que chegam aqui são peças de museu. Estavam guardados como ferro velho. Por isso, os consertamos e os usamos hoje para proteger nossa Ucrânia", explicou à AFP Volodimir, de 37 anos, que dirige uma unidade de artilharia de 36 homens e cinco canhões no total.

Os amigos estão posicionados perto de Bakhmut, cidade da bacia do Donbass, no leste do país, onde há meses são travados combates entre forças russas e ucranianas.

Perto dali, ressoam sem cessar fortes explosões de tiros de artilharia, morteiros, além de tanques russos e ucranianos.

Os seis companheiros disparam com um velho canhão S-60 de calibre 57 mm da época soviética. O artefato costumava ficar exposto como relíquia na entrada de grandes cidades, em rotatórias ou em frente a edifícios governamentais.

Originalmente, era a arma que se usava para a defesa aérea. Porém, hoje serve como peça de artilharia, disparando quase em linha horizontal de um grande veículo ucraniano Kraz.

Em uma das laterais do veículo, há uma grande cruz branca, inspirada na do Bundeswehr, o Exército alemão.

"No início, não tínhamos muitos recursos. Compramos caminhões com recursos próprios e graças a doações de conhecidos, voluntários, ONGs", continuou Volodimir, o comandante.

- 'Como irmãos' -

Dois soldados sentam lado ao lado em assentos de ferro no veículo. A cada tiro eles se agarram em alavancas, logo após o atirador pisar no pedal com a ajuda da perna esquerda.

De aspecto relaxado, com suas barbas e algumas rugas, os seis amigos, inseparáveis, não passam despercebidos.

"Esta unidade foi criada antes de todos estes acontecimentos [a invasão russa]. Vivi com eles, trabalhei com eles e tínhamos muitas coisas em comum, até saímos de férias juntos", contou Volodimir.

A idade média do grupo ronda os 50 anos, apesar de o mais velho, Valera, ter 61.

"Apoiamos uns aos outros, nos substituímos quando é necessário e, se não lutamos, aprendemos a fazê-lo de maneira produtiva. Não há disputas aqui, somos como irmãos", garantiu, entre dois disparos e enquanto bebia café em um copo de alumínio.

Quase todos se conheceram durante a Revolução Ucraniana de 2014 - conhecida como Maidan - e se tornaram amigos.

- 'Tudo pode acontecer' -

"Não há dias difíceis, nem dias fáceis [...] Tento apoiá-los, encontrar palavras. Apoio com minhas palavras para que tenham menos medo", afirmou Valera.

"É a vida, é a guerra, não é um campo de treinamento. Tudo pode acontecer. Porém, cremos que nosso comandante tem sorte, é como nosso anjo da guarda", acrescentou o sexagenário.

Enquanto ele falava, os disparos continuavam. Na maioria das vezes, eram dois ao mesmo tempo, às vezes quatro.

Do canhão, saía fumaça e fogo. Os projéteis eram disparados um atrás do outro, com alcance de até 6 km de distância.

Sobre o veículo, um terceiro homem jogava caixas de munição vazias no chão.

Enquanto faziam uma pausa, ressoavam disparos de armas menores. Alguns soldados tentavam atingir um drone triangular no céu.

"É um drone russo", disse Volodimir, enquanto orientava seus homens a sair da área com o caminhão e seu valioso canhão.


FONTE: Estado de Minas


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