Idoso é acusado de atirar em jovem negro que tocou campainha de sua casa por engano nos EUA
Promotores do estado do Missouri, região central dos Estados Unidos, anunciaram ter apresentado acusações de crimes graves contra um homem branco que teria atirado e ferido com gravidade um adolescente negro que tocou a campainha de sua casa por engano.
Ralph Yarl, de 16 anos, se encontrava em estado crítico após levar dois tiros, um deles na cabeça, na quinta-feira à noite, quando tocou a campainha da casa errada enquanto buscava outro endereço.
A indignação em torno do caso aumentou no fim de semana, após se saber que o homem, que promotores e a imprensa dizem ter 84 ou 85 anos, foi liberado sem acusações após permanecer detido por 24 horas.
Na segunda-feira, no entanto, o promotor do estado de Clay, Zachary Thompson, anunciou que o senhor, identificado como Andrew Lester, havia sido acusado de agressão e ação criminosa armada. Sua fiança foi estabelecida em 200.000 dólares (cerca de 990 mil reais).
"Pretender que a raça não é parte de toda esta situação seria enfiar a cabeça na areia", disse o prefeito de Kansas City, Quinton Lucas, nesta terça-feira (18). "Atiraram neste rapaz porque era negro", acrescentou em declarações à CNN.
A Casa Branca anunciou, na noite de segunda-feira, que o presidente Joe Biden havia falado por telefone com Yarl "e compartilhado sua esperança de uma recuperação rápida".
A tia de Yarl, Faith Spoonmoore, disse, em uma campanha da GoFundMe, que seu sobrinho era um estudante talentoso que sonhava estudar engenharia química. Até a manhã desta terça, haviam sido arrecadados mais de US$ 2,8 milhões (R$ 13,9 milhões) para Yarl.
Ataques a tiros mortais são frequentes nos Estados Unidos, um país de 330 milhões de habitantes, onde se estima que circulem cerca de 400 milhões de armas.
Mas o caso de Yarl suscitou indignação especial, pois o país continua enfrentando um longo histórico de falta de prestação de contas por atos de violência contra afro-americanos.
A chefe de polícia de Kansas City, Stacey Graves, disse, durante coletiva de imprensa na noite de domingo, admitir os "componentes raciais" do caso, mas a informação disponível até agora "não diz que haja motivos de raça" e a investigação segue seu curso.
Na segunda-feira também foram apresentadas acusações sobre um caso similar no estado de Nova York, mas a vítima dos disparos da noite de sábado, Kaylin Gillis, não sobreviveu.
A polícia do estado disse que Gillis levou um tiro fatal na noite de sábado, quando foi, juntamente com três amigos, a um endereço errado, enquanto tentava encontrar a casa de um amigo.
O dono da casa, identificado como a pessoa que atirou, Kevin Monahan, de 65 anos, foi detido na segunda e acusado de homicídio, segundo o gabinete do xerife.
FONTE: Estado de Minas