Já imaginou comer grilo preto? Pesquisadoras estudam inseto para produção de farinha comestível

03 dez 2023
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Estudos foram realizados em ratos de laboratório e resultados foram promissores, segundo a professora Ceres Mattos Della Lucia, que comanda a pesquisa. Farinha de grilo, foto ilustrativa

Italian Cricket Farm/Divulgação

Comer insetos durante as refeições pode parecer estranho, mas é costume em muitos países. Na Universidade Federal de Viçosa, pesquisadoras têm estudado grilos pretos e outros insetos para a produção de uma farinha comestível como uma alternativa para o consumo de proteínas e para a falta de suprimento nutricional diante de problemas previsíveis, como epidemias, mudanças climáticas e degradação ambiental.

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No Brasil, a legislação ainda não permite o consumo desses produtos como acontece em outros lugares do mundo, mas o acesso é permitido para pesquisas.

Os estudos, conduzidos pela professora Ceres Mattos Della Lucia, envolveram experimentos com grilo preto (Gryllus assimilis) e com larva-da-farinha (Tenebrio molitor), e avaliação da composição nutricional da barata d'água (Belostoma anurum).

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Durante os trabalhos, foi realizada a caracterização completa dessas farinhas, sendo avaliada a qualidade das proteínas, os micronutrientes contidos nos produtos, a segurança do uso e como o ferro é absorvido pelo organismo.

“O tema é novo, mas tem grande potencial para o futuro. Por isso, nós queremos ter respostas para auxiliar escolhas alimentares alternativas como estas, caso sejam aprovadas no Brasil”, explicou.

As pesquisadoras também avaliaram a digestão desse tipo de proteína e o potencial das propriedades para a indústria de alimentos na fabricação de produtos.

Segundo a professora Ceres Mattos, as farinhas de insetos foram pensadas para serem usadas como ingredientes que podem agregar valor nutricional e substituir outras para alérgicos e celíacos, por exemplo.

Grilo preto e larva-da-farinha foram usados em estudo

UFV/Divulgação

Como foram feitos os estudos?

Os estudos experimentais foram realizados com ratos de laboratório, o primeiro passo até chegar aos testes com humanos.

Para avaliar os alimentos, alguns camundongos receberam ração sem nenhuma fonte proteica — o chamado grupo controle.

Um segundo grupo recebeu a caseína, uma proteína do leite, chamada de padrão-ouro para esse tipo de estudo.

Outros foram alimentados com farinhas de grilo com ou sem adição de farinha de soja, o que poderia tornar essas proteínas mais completas.

Ao avaliar os roedores, as pesquisadoras concluíram que o grupo que recebeu apenas farinha de grilo apresentou crescimento semelhante ao que foi alimentado com proteína animal. Além disso, foram os que mais consumiram a ração, mostrando a boa aceitação do produto.

Os índices de qualidade proteica demonstraram que a farinha de grilo apresenta boa digestibilidade e a qualidade da proteína oferecida não se alterou quando a mesma foi misturada a leguminosas, como a soja.

Outra boa notícia é que não foi observado nenhum sinal de toxicidade nos animais.

Próximos passos

Atualmente, pesquisas do mesmo grupo avaliam a biodisponibilidade de ferro nessas farinhas e os efeitos em órgãos, como intestino e fígado.

Em uma próxima etapa, as pesquisadoras irão avaliar a segurança do uso das farinhas a longo prazo e depois, se houver interesse, chegar à etapa de testes com humanos.

“Queremos desmistificar o consumo de insetos, divulgar seu potencial e fornecer dados que servirão de base para possíveis regulamentações de seu uso no Brasil”, concluiu a professora Ceres.

Fazem parte ainda da equipe a doutoranda Lívya Alves Oliveira, as mestrandas Laura Célia Oliveira de Souza Vicente e Michele Lilian da Fonseca Barnabe e bolsista de iniciação científica Karina Vitoria Cipriana Martins.

Pesquisadoras da UFV avaliam insetos para produção de farinha comestível

UFV/Divulgação

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FONTE: G1 Globo

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