Jota Quest faz o de sempre no álbum ‘De volta ao novo’ para continuar no jogo

11 out 2023
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Banda se une ao produtor Rick Bonadio em disco que traz pop festeiro para arenas sem alcançar a coesão dos trabalhos anteriores do quinteto com Jerry Barnes e Nile Rodgers. A banda mineira Jota Quest apresenta nove faixas inéditas no primeiro volume do álbum 'De volta ao novo', produzido por Rick Bonadio

Weber Pádua / Divulgação

Capa do álbum 'De volta ao novo vol. 1', da banda Jota Quest

Arte de Carlos Fibes

Resenha de álbum

Título: De volta ao novo vol. 1

Artista: Jota Quest

Edição: Sony Music

Cotação: ★ ★ ★

♪ O título do nono álbum de músicas inéditas da banda Jota Quest – De volta ao novo, em rotação desde domingo, 8 de outubro – somente se justifica pelo fato de a banda mineira ter ficado oito anos sem um disco de estúdio com composições novas. É muito tempo, mesmo levando em conta que uma pandemia dinamitou a produção do universo pop entre 2020 e 2021, impedindo a realização de shows e encontros em estúdio.

Mas como criticar Rogério Flausino (voz), Marco Túlio Lara (guitarra), Marcio Buzelin (teclados), PJ (baixo) e Paulinho Fonseca (bateria) por se alimentarem do passado com redundantes discos ao vivo e com shows de roteiros retrospectivos que arrastam multidões Brasil afora? São as regras do jogo do mercado de shows.

“De volta ao novo / Estamos no jogo / Estamos em paz com o futuro”, manda recado o vocalista Rogério Flausino no empolgante refrão da música-título De volta ao jogo (PJ, Rogério Flausino, Thadeu Meneghini e Adalberto Rabelo), pop eletrônico quase épico, feito sob medida para arenas e ginásios, espaços habitualmente frequentados por essa banda mineira que dilui o soul e o funk norte-americanos em farta solução de música pop desde que entrou em cena há 30 anos, por volta de 1993, na cidade natal de Belo Horizonte (MG).

Sim, o Jota Quest quer continuar no jogo que tem dado ao grupo sucessivas vitórias nessas três décadas de atividade profissional. Para tal, a banda arregimentou Rick Bonadio. Produtor musical habituado a padronizar o pop nacional para grandes massas, Bonadio pôs a cabeça de empresário na frente ao dar forma às nove faixas deste primeiro volume do disco De volta ao novo.

Outras nove saem no primeiro trimestre de 2024, completando o álbum após a edição do registro audiovisual do show da turnê Jota 25 – De volta ao novo, captado em 17 de junho, em apresentação no estádio Beira Rio, em Porto Alegre (RS).

A conexão com Bonadio explica a parceria do Jota Quest com Vitor Kley – cantor e compositor gaúcho projetado com som gerenciado pelo mesmo Bonadio – na canção N-u-m-a-b-o-a, que abre o disco com as boas vibrações recorrentes ao longo das nove faixas.

Em essência, o som feito pelo Jota Quest continua o mesmo. É pop festeiro, como o interlúdio Hotel Paradise (Paulinho Fonseca). Só que inexistem em De volta ao novo o vigor, a coesão e a exuberância musical dos dois álbuns anteriores da banda, Funky funky boom boom (2013) e Pancadélico (2015), ambos feitos com a produção musical do norte-americano Jerry Barnes e com toque lapidar do guitarrista Nile Rodgers, músico também norte-americano projetado em fins dos anos 1970 no Chic, grupo que deu contribuição decisiva para o som funky da era dos dancin' days.

À moda da casa de Rick Bonadio, o Jota Quest faz a festa no disco De volta ao novo vol. 1 com pop black e com baladas como de pegada roqueira como O último beijo (Rogério Flausino, Marco Túlio Lara, Marcio Buzelin, PJ, Paulinho Fonseca (bateria), Podé e Beto Nastácia.

Em que pese a presença de Herbert Vianna no canto de outra balada, Fique bem (Tibless, Marco Túlio e Rogério Flausino), o grupo já apresentou repertório mais sedutor nessa seara pop romântica. Nem a porção Roberto Carlos que move Nando Reis na canção inédita Só o amor liberta desfaz tal impressão, até porque a canção de Reis soa dèjà vu.

Como o Jota Quest vai para onde tem pop solar, a banda também segue a batida do ascendente rapper maranhense Nairo, parceiro e convidado da banda na funkeada Seguindo meu flow (PJ, Renato Gallozi, Nairo, Dougie e Tiê).

O interlúdio Suíte number 5 (Marcio Buzzelin) fecha disco em que o quinteto mineiro joga pop para a galera, como exemplifica Loco Loco, inédita versão em português (escrita pelos próprios integrantes do Jota Quest) do hit argentino Amor loco (2010), tema Emmanuel Horvilleur – integrante do do duo portenho de funk-rap Illya Kuryaki & Valderramas – e Lucas Martí.

A versão foi turbinada comn sample de Squash (1982), faixa de Lincoln Olivetti & Robson Jorge (1982), cultuado álbum de black music à moda brasileira, lançado cerca de dez anos antes de o Jota Quest entrar em cena com soul e som feitos para as arenas.

Nada mudou substancialmente desde então. Tanto que, em essência, a banda faz o de sempre no álbum De volta ao novo para continuar no jogo.

Jota Quest lança o álbum 'De volta ao novo vol. 1' com música inédita de Nando Reis e participações de Herbert Vianna e do rapper Nairo

Weber Pádua / Divulgação


FONTE: G1 Globo


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