Larvas e pedras: alunos da UFOP e UFV denunciam situação de bandejões
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Larvas, pedras e até a presença de ratos. Esses têm sido os acompanhamentos das refeições servidas aos estudantes das universidades federais de Ouro Preto e Viçosa. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a recorrência com que “corpos estranhos” são encontrados nos alimentos preparados e servidos pelos restaurantes universitários das duas instituições.
Gabriel Borges cursa jornalismo na Universidade Federal de Ouro Preto (UFO) e é um dos usuários que encontraram larvas em seu prato de comida. Em entrevista ao Estado de Minas, o jovem relatou que tinha o costume de almoçar no restaurante universitário do campus Mariana, mais precisamente localizado dentro do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas. Apesar de sempre ouvir críticas em relação à qualidade e sabor da comida, Gabriel sempre a achou “ok”.
“No dia em questão, eu achei uma larva branca em um caroço de feijão, quando fui misturar o feijão no arroz. Tirei ela da comida e coloquei fora da bandeja. Eu comi normalmente a refeição até porque já tinha pago e estava com fome, porém, fiquei pensando se aquilo poderia me causar algum mal estar ou coisa do tipo”, disse.
As refeições dos restaurantes mantidos pela UFOP estão entre as mais caras em universidades do país. Em abril deste ano, a reitoria da instituição informou um novo reajuste. Desde então, estudantes de graduação e pós-graduação regularmente matriculados pagam R$ 7,06. Já os alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica, assistidos pelo Programa de Bolsa-Alimentação, têm garantida a gratuidade.
Nas redes sociais, as pessoas marcaram o perfil da universidade cobrando providências. Os usuários também endossaram as denúncias, afirmando o quão corriqueiro é encontrar larvas e até pedras em suas refeições.
Em comunicado oficial, emitido na manhã desta quinta-feira (25/5), a UFOP informou que os alimentos hortifrutigranjeiros fornecidos pela empresa terceirizada, responsável pelo preparo e pela oferta das refeições, são desinfetados antes do preparo com uma solução à base de cloro e depois lavados em água corrente. No entanto, o serviço é feito de forma manual, o que “aumenta o risco de passar alguma sujidade”.
“Trata-se, portanto, de um processo complexo, o que não justifica a recorrência de problemas. Nesse caso específico, as ocorrências anteriores foram notificadas, e a empresa responsável substituiu os alimentos estocados, além de realizar um novo treinamento com a equipe envolvida”, informou a universidade.
Além disso, a instituição afirmou que a nota atribuída à empresa terceirizada pela fiscalização da universidade é 7,18 - em um máximo de 9. “A atual empresa obteve a maior nota possível na primeira avaliação e, na segunda, a média caiu para 7,18, resultando em um abatimento de 10% no valor a ser pago pelas 33.135 refeições disponibilizadas na primeira quinzena de maio”.
Viçosa
Apesar de estarem a 128,2 km de distância de Ouro Preto, os estudantes da Universidade Federal de Viçosa (UFV) também passam por situações semelhantes às dos colegas da UFOP. Nicole Isabel, cursa biologia e afirma que a qualidade e variedade das refeições oferecidas pela terceirizada evidencia “um completo descaso”.
Nicole conta que a higiene dos locais também não é das melhores. Ela afirma que já encontraram ratos dentro do restaurante universitário, tanto na parte de produção de comida quanto no salão, onde as refeições são feitas e servidas.
“Larvas são quase parte constituinte do cardápio do RU (restaurante universitário). Normalmente na salada, salada mal higienizada, sempre tem larvinha, caracóis. Teve uma época que a gelatina tinha bolor; o negócio meio que fermentava, criava bolor e eles distribuiam mesmo assim. Teve uma feijoada muito esquisita também há um tempo atrás, com uns pedaços de porco com muitos pelos, umas coisas muito evidentes”, relata.
A graduanda de biologia afirma que, desde que as ocorrências ficaram recorrentes, muitos alunos deixaram de usar o bandejões. “O RU cobra R$ 7,35, e é um completo descaso, um negócio muito porco. A comida é ruim de qualidade e variedade, e quando varia são essas variações meio indesejadas."
A reportagem procurou a Universidade Federal de Viçosa, mas até a publicação desta matéria não obteve resposta.
FONTE: Estado de Minas