Lei de integração de negros no mercado de trabalho provoca debates na África do Sul

24 jul 2023
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Uma nova lei que busca facilitar a integração das pessoas negras no mercado de trabalho na África do Sul provocou debates acalorados e o incômodo de empresários, que alegam que trabalhadores qualificados podem perder seus postos.

O principal partido da oposição, a Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês), convocou uma manifestação para quarta-feira na Cidade do Cabo para denunciar o texto que compara a uma lei de "cotas raciais".

"Cerca de 600 mil pessoas perderão seu emprego porque têm a cor de pele errada ou moram e trabalham nas áreas erradas", declarou seu líder, John Steenhuisen.

Três décadas depois do fim do apartheid, o sistema político discriminatório que dominou o país de 1948 a 1994, a África do Sul segue sendo uma das nações mais desiguais do planeta, de acordo com o Banco Mundial.

Quase um de cada dois sul-africanos negros estava desempregado nos três primeiros meses de 2023, enquanto entre os brancos essa taxa era de 9,5%, segundo dados oficiais.

A nova lei, assinada em abril, mas que ainda não entrou em vigor, obrigará as empresas de mais de 50 funcionários a refletir a demografia da região em que operam. Também deverão explicar os métodos que usarão para isso.

Gareth Ackerman, presidente da rede de supermercados Pick n Pay, acredita que a lei vai fragilizar os empregadores cuja mão de obra não reflete a composição racial da área.

"Teria o efeito de deixar um grande número de pessoas qualificadas desempregadas e substituí-las por pessoas desqualificadas", afirmou recentemente.

O maior sindicato considera, porém, que a polêmica é exagerada. "É uma lei racional, não é o grande monstro que a DA apresenta", disse Matthew Parks, porta-voz do Cosatu.

O governo afirma que a nova lei busca promover a diversidade e a igualdade. "Não significa que os brancos serão retirados para dar lugar aos grupos desfavorecidos", assegurou o ministro do Trabalho, Thulas Nxesi.

Segundo um estudo recente, os brancos representam menos de 10% dos 60 milhões de habitantes da África do Sul, mas ocupam mais de 60% dos cargos de gestão no mercado de trabalho.


FONTE: Estado de Minas


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