Líderes da Aean buscam unidade em reunião dominada pela crise em Mianmar
Os governantes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), que participam em uma reunião de cúpula na Indonésia, tentam unificar sua posição sobre a crise birmanesa, ao mesmo tempo que o governo das Filipinas se declarou disposto a assumir a presidência rotativa do grupo em 2026, no lugar de Mianmar.
A reunião em Jacarta, capital indonésia, também deve abordar a crescente assertividade de Pequim no Mar da China Meridional.
"Tenho o prazer de anunciar que as Filipinas estão dispostas a assumir a presidência da Asean em 2026", disse o presidente filipino, Ferdinand Marcos, a respeito do bloco regional composto por 10 países.
"Reforçaremos as bases de nossa comunidade e guiaremos a Asean para um novo capítulo", acrescentou.
Os membros do bloco, muitas vezes criticado por sua falta de eficácia, estão divididos sobre que posição adotar diante da prolongada crise em Mianmar, um dos países membros do grupo.
Mianmar enfrenta um cenário de violência desde que um golpe militar derrubou em 2021 o governo democrático de Aung San Suu Kyi e deu início a uma violenta repressão contra os dissidentes.
Em resposta, a Asean não convida os representantes da junta militar para as reuniões de alto escalão do grupo.
O bloco tenta promover um plano de paz de cinco pontos para solucionar a crise, mas está dividido sobre a abordagem que deve ser adotada com a junta: alguns países desejam excluir o país da Asean e outros querem manter o diálogo com os militares.
De modo paralelo ao encontro de cúpula, que acontece sem a presença de qualquer representante de Mianmar, dois líderes de partidos políticos aprovados pelos militares anunciaram que a junta "provavelmente" organizará eleições em 2025.
- Mapa polêmico -
A mudança na presidência rotativa da Asean é um "gesto pragmático", que garantirá que a agenda do grupo não seja "sequestrada" pela crise em Mianmar, afirmou à AFP uma fonte diplomática próxima às discussões e que pediu anonimato.
Na abertura da reunião, o presidente indonésio, Joko Widodo, fez um alerta contra os riscos geopolíticos na região.
"Os futuros desafios serão cada vez mais complexos devido à concorrência entre as grandes potências", declarou.
As ações de Pequim no Mar da China Meridional, da qual reivindica quase a totalidade, também estão entre as principais preocupações dos países membros do bloco.
Pequim divulgou na semana passada um mapa que reivindica soberania sobre a maior parte do Mar da China Meridional, agravando a disputa entre o país e os países da Asean.
O mapa provocou muitas críticas países da região, como Malásia, Vietnã e Filipinas.
Os líderes do bloco expressarão preocupação com "as reivindicações territoriais, atividades e incidentes graves" nesse mar, de acordo com o rascunho do texto final.
Uma fonte diplomática afirmou que os governantes estabeleceram como meta concluir até 2026 as negociações com a China sobre um código de conduta no mar disputa.
Após o encontro da Asean acontecerá a Cúpula do Leste Asiático, que tem 18 países, incluindo Estados Unidos, China, Japão, Índia e Rússia.
Pequim será representada pelo primeiro-ministro, Li Qiang, e Moscou pelo ministro das Relações Exteriores, Serguéi Lavrov.
A vice-presidente americana, Kamala Harris, representará o presidente Joe Biden.
FONTE: Estado de Minas