Lula se reúne com Xi Jinping depois de criticar o dólar e o FMI
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne nesta sexta-feira (14) em Pequim com o homólogo Xi Jinping para reforçar os vínculos com a China, um dia depois de criticar o dólar como moeda global e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Lula está na China para estreitar os laços econômicos com o principal parceiro comercial do Brasil e afirma que o país "está de volta" ao cenário internacional, com a intenção de assumir um papel de mediador no conflito na Ucrânia.
Durante a primeira etapa da viagem, em Xangai, Lula questionou o uso do dólar como moeda global, poucas semanas depois de seu governo estabelecer um acordo com Pequim para operações comerciais com concordar com o real e o yuan, sem a necessidade do câmbio na moeda americana
"Toda noite me pergunto por que todos os países estão obrigados a fazer o seu comércio lastreado no dólar? (...) Hoje um país precisa correr atrás de dólar para poder exportar quando poderia exportar na sua própria moeda", afirmou Lula na quinta-feira.
As declarações aconteceram durante a cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff (2011-2016) no comando do banco BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Durante o evento, Lula também reservou palavras duras par ao FMI, aludindo às acusações de que a instituição impõe cortes draconianos nos gastos públicos em países em dificuldades econômicas, como a Argentina, em troca de empréstimos.
"Não cabe a um banco ficar asfixiando as economias dos países como o FMI está fazendo agora na Argentina e como fizeram com o Brasil durante muito tempo e com todos os países do terceiro mundo", afirmou.
"Nenhum governante pode trabalhar com una faca na garganta porque está devendo".
- Ucrânia na agenda -
Desde seu retorno ao poder janeiro, após dois mandatos entre 2003 e 2010, Lula tem como objetivo recolocar o Brasil "na nova geopolítica mundial" e deixar para trás o isolacionismo de seu antecessor, Jair Bolsonaro.
Depois de viagens para Argentina e Estados Unidos, o petista visita a China com a intenção de consolidar a relação e atuar como ponto de ligação entre as diferentes regiões do mundo.
"A época em que o Brasil estava ausente nas grandes decisões mundiais já é coisa do passado. Estamos de volta no cenário internacional depois de uma ausência inexplicável", declarou em Xangai, cidade que deixou na quinta-feira à noite para viajar a Pequim.
Na capital, ele tem uma agenda repleta de compromissos, que começaram com um encontro com o presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji.
"Queremos elevar o patamar da parceria estratégica entre nossos países, ampliar fluxos de comércio e, junto com a China, equilibrar a geopolítica mundial", tuitou a conta oficial de Lula ao lado de uma foto com Zhao.
Ele também se reunirá com o primeiro-ministro Li Qiang no Grande Palácio do Povo, antes de ser recebido pelo presidente Xi Jinping e participar em uma entrevista coletiva.
Além das questões sobre investimentos e comércio, um dos principais temas do encontro entre Lula e Xi deve ser a guerra na Ucrânia.
Nem a China nem o Brasil adotaram sanções contra a Rússia como fizeram os países ocidentais. As duas nações tentam estabelecer posições como mediadores para alcançar a paz.
Lula propõe formar um grupo de países para trabalhar em uma solução negociada para o conflito causado pela invasão russa.
- Vínculos comerciais -
A passagem por Xangai também demonstrou a importância econômica da viagem de Lula, que estava prevista para o fim de março, mas foi adiada depois que o presidente de 77 anos foi diagnosticado com pneumonia.
Em sua quarta visita oficial à China, principal sócio comercial do Brasil, Lula é acompanhado por uma comitiva de quase 40 representantes políticos, incluindo nove ministros, governadores, deputados e senadores, além de empresários.
O volume de comércio entre as duas economias cresceu 21 vezes desde a primeira visita de Lula ao país em 2004. Em 2022, o gigante asiático importou do Brasil 89,7 bilhões de dólares (443 bilhões de reais), com destaque para soja e minerais.
Depois da cerimônia no banco dos BRICS, Lula visitou um centro de pesquisas de empresa de tecnologia Huawei e se reuniu com o presidente da montadora de carros elétricos BYD, que negocia a abertura de uma fábrica na Bahia.
BYD COMPANY
FONTE: Estado de Minas