Macron continua sob pressão apesar da aprovação da impopular reforma da Previdência
O presidente da França, Emmanuel Macron, terá nesta terça-feira (21) uma série de reuniões com funcionários de alto escalão do Executivo e figuras importantes da base governista, após a adoção de sua impopular reforma da Previdência, que continua provocando protestos.
A noite de segunda-feira foi marcada por protestos, incluindo confrontos com a polícia e o incêndio de latas de lixo, em várias cidades após a adoção definitiva do projeto no Parlamento.
"Dizem que os jovens não se mobilizam. Aqui estamos. É pela aposentadoria e pelo restante. É um todo", declarou à AFP uma estudante que pediu anonimato, durante o protesto em Paris. Quase 300 pessoas foram detidas no país, incluindo 234 na capital.
Horas antes, o aumento da idade de aposentadoria de 62 para 64 e a antecipação para 2027 da exigência de contribuição por 43 anos (contra 42 anteriormente) para o direito a receber pensão completa foram aprovados em definitivo, depois que o governo sobreviveu a duas moções de censura.
A imprensa destaca, no entanto, que a vitória por apenas nove votos do governo da primeira-ministra Élisabeth Borne "tem sabor de derrota" e o jornal de esquerda Libération aponta uma "crise política" do governo.
"E agora, o que Emmanuel Macron pode fazer?", questiona o jornal de direita Le Figaro. A publicação afirma que, apesar da rejeição das moções de censura, o governo permanece muito pressionado na "atual crise política".
- Entrevista -
Macron terá uma reunião com a primeira-ministra e outros nomes influentes de seu governo, incluindo o ministro do Interior, Gérald Darmanin, antes de conversar com os presidentes da Assembleia Nacional e do Senado e com outras figuras importantes da base governista.
A incerteza domina o noticiário sobre a continuidade de Borne, que na segunda-feira se declarou "determinada" a prosseguir à frente do governo.
"A primeira-ministra é única que pode levar adiante o projeto de governo", declarou o porta-voz do Executivo, Oliver Véran.
A oposição, que ganhou força com a rejeição unânime da reforma por parte dos sindicatos e de dois terços dos franceses, segundo as pesquisas, exige que Macron demita Borne, desista da reforma ou a submeta a um referendo. Alguns pedem, inclusive, a dissolução da Assembleia Nacional.
O presidente liberal, 45 anos, pretende conceder uma entrevista na quarta-feira às 13H00 (9H00 de Brasília) aos canais de televisão TF1 (privado) e France 2 (público), na véspera de uma viagem a Bruxelas para uma reunião de cúpula com os líderes da União Europeia.
Os sindicatos convocaram a nona jornada de manifestações e greve geral para quinta-feira (23), um movimento iniciado em janeiro. No dia 7 de março o país registrou o maior protesto contra uma reforma social em três décadas.
Ao mesmo tempo, as paralisações pontuais continuam em setores cruciais, como transportes e energia, o que obriga o governo a requisitar novos funcionários devido às toneladas de lixo acumuladas nas ruas de Paris ou à escassez de combustíveis no sudeste da França.
O governo anunciou nesta terça-feira as primeiras requisições de pessoal no setor de petróleo, na reserva de Fos-sur-Mer (sudeste). As forças de segurança também atuaram durante a madrugada em Donges (oeste) para desbloquear um terminal.
Além da lei para aumentar uma das menores idades de aposentadoria da UE, Macron, reeleito em abril do ano passado em uma disputa de segundo turno com a candidata de extrema-direita Marine Le Pen, enfrenta muitas dificuldades para aplicar seu programa reformista durante o segundo mandato, que vai até 2027.
FONTE: Estado de Minas