Macron pede ao presidente chinês para “trazer a Rússia à razão”
O presidente francês Emmanuel Macron afirmou nesta quinta-feira (6) ao homólogo chinês Xi Jinping, durante uma visita a Pequim, que "conta" com ele para "trazer a Rússia à razão" a respeito do conflito na Ucrânia, ao mesmo tempo que os dois pediram negociações de paz "o mais rápido possível".
Macron chegou na quarta-feira a Pequim para uma visita de três dias e afirmou que seu objetivo é dissuadir a China de apoiar a invasão russa da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.
"Sei que posso contar com você para trazer a Rússia à razão e levar todos de volta à mesa de negociações", afirmou o chefe de Estado francês durante uma reunião bilateral com Xi.
Em uma declaração conjunta à imprensa após o encontro, que aconteceu a portas fechadas, os dois líderes reafirmaram o apelo por negociações de paz entre Kiev e Moscou "o mais rápido possível".
Ambos também reafirmaram a oposição ao uso de armas nucleares no conflito.
"Não podem usar armas nucleares", disse o presidente chinês, que condenou os ataques a civis e qualquer "uso de armas biológicas e químicas".
O Kremlin, no entanto, rapidamente esfriou a situação ao descartar a possibilidade de mediação chinesa, apesar da relação estratégica entre as duas potências.
"Claro que a China dispõe de um potencial formidável e eficaz para serviços de mediação", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em Moscou.
"Mas a situação com a Ucrânia é complexa e, no momento, não há perspectiva de uma solução política", por isso "não temos outra solução que seguir com a operação especial", acrescentou, utilizando a expressão que as autoridades russas empregam para descrever a ofensiva na Ucrânia.
- Reunião trilateral com Von der Leyen -
Após as declarações à imprensa, Macron e Xi iniciaram uma reunião trilateral com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
A pressão internacional aumentou nas últimas semanas para que a China, aliada estratégica da Rússia, se envolva na resolução do conflito.
Embora Pequim se declare oficialmente neutro, o governo chinês não condenou a invasão russa da Ucrânia e Xi Jinping não conversou com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
Xi, no entanto, visitou Moscou em março para uma reunião com o presidente russo Vladimir Putin, a quem apresentou um documento para uma solução política em 12 pontos elaborada por Pequim.
- Contexto regional tenso -
"Do lado chinês, o que temos no momento são declarações absolutamente clássicas", declarou à AFP o analista Antoine Bondaz, da Fundação Francesa para a Pesquisa Estratégica.
"Está claro que a China não se movimentou. O objetivo é que a China faça o que diz, o que não é o caso no momento", acrescentou.
No primeiro dia da visita, o presidente francês afirmou na quarta-feira que Pequim poderia ter um "grande papel" para encontrar "um caminho rumo à paz" na Ucrânia e citou o documento publicado pela China.
Von der Leyen se mostrou mais inflexível na semana passada em Bruxelas e alertou que a postura da China sobre a guerra será um "fator determinante" para o futuro da relação do país com a UE.
A visita de Macron e Von der Leyen coincide com um novo período de tensão na área de Taiwan após o encontro na Califórnia entre a presidente da ilha, Tsai Ing-wen, e o presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy.
Pequim prometeu "medidas firmes" após a reunião. A ilha de governo autônomo anunciou a detecção de três navios de guerra e um helicóptero antissubmarino chinês perto de seu território.
A China considera Taiwan parte de seu território e está disposta a retomar o controle, inclusive pela força. As autoridades de Pequim rejeitam qualquer contato entre as autoridades da ilha e outros países.
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FONTE: Estado de Minas